Folha de bananeira
Ah, hoje eu tô daquele jeito. A saudade veio me visitar e trouxe com ela o desespero.
Onde estará ele agora? Nos abraços de outra pessoa nos mesmos lençóis? Pode estar sorrindo seu riso bonito para outras e dizendo exatamente o que elas querem ouvir, porque ele sabe. Mas é um chantagista: só diz na cama. Só diz quando seu desejo maluco já o fez deixar de lado a timidez. Precisa ser aquecido para falar.
Tem um grande coração e uma vontade de salvar o planeta, mas não deixa ninguém pisar nesse terreno. Como eu queria que ele recebesse meu amor... Ele me maltrata quando se recusa a receber meu afeto. Até quando sofrerei, quanto mais dessa agonia? É muita crueldade da vida termos que viver de momentos. Só a lembrança me restou. Não tenho contato com ele, não nos falamos há tempos. Ele não me deixa chegar perto.
Sinto um misto de vontade de estar com ele e desespero em pensar que nunca mais o verei.
O momento do passado onde ele habita está guardado num altar sagrado, onde confio minhas mais caras lembranças.
Quero de volta o momento, quero ele presente.
Sinto uma tempestade interior a me dizer que ele não vai voltar.
Saudade é o gosto que fica daqueles que se foram para nos lembrar que queremos mais. Mais abraços, mais amor, mais da pessoa, mais do mesmo até.
Sinto algo parecendo o vento a balançar as folhas de uma bananeira, me sinto como a folha. O vento a bater e me jogar incessantemente de um lado a outro. Não posso fazer nada contra o vento, ele é mais forte. Me despedaço, me refaço em mil pedaços e fico parecendo uma pena. Uma pluma ao vento. Pra lá e pra cá, sentindo... Dançando no ritmo que o vento mandar.
Ah, vento me traga o que eu preciso...