Entre telhas
Foi quando cheguei no telhado que consegui respirar, minha cabeça doía, meu pescoço estava rígido, meus olhos ardiam e minha garganta estava tão apertada que não passava uma agulha, andei devagar entre telhas, me sentei onde era seguro e então desabei, agora estava tudo bem, eu já podia me despir das roupas de educação e sorrisos gentis e ser eu mesma.
Eu já sabia, já tinha me preparado para isso, uma alma pessimista sempre está pronta para o pior, estava pronta desde do momento que nos separamos e mesmo assim, minhas muralhas fortificadas e palavras de indiferença sucumbiram com a dor de ver você com ela, fingir cansa e machuca, dói ver, dói sorrir, dói até existir numa hora dessas, dói saber que você vai bem enquanto estou aqui no telhado vomitando toda a amargura que me consome.
Agora o céu esta nublado e turvo como meu coração e não vai demorar chover, está tudo tão silencioso que consigo escutar o meu coração batendo arrastado e sombrio, sinto gotas frias de chuva se misturando com as gotas quentes do meu coração partido, lá embaixo todos dormem, com a chuva intensa caindo e lavando meu corpo entristecido não preciso e nem quero nada, estou entre telhas e que a chuva me console.