A Queda e o Renascimento da Honra
Honra! Quantas vezes essa palavra aparece entre os nossos! Quantos enchem a boca para dela falar! Quantos professam a honra! Quantos praticam a honra! Quantos defendem a honra sem nem ao menos pensar no seu significado! Pensar sobre honra e praticar a honra são coisas diferentes; assim como falar sobre a honra é diferente de pensar sobre honra, e que difere de praticar a honra. Honra! Quantas vezes o seu nome foi invocado pela boca de pessoas que não a conhecem! Quantas vezes seu nome foi clamado em nome de causas ligadas ao orgulho ferido! Quantas vezes seu nome veio e foi em conversas que nada tem a ver contigo! E estes não são os maiores perigos a ti, isso eu digo! Falar sobre a honra sem conhecê-la é tolice, mas apenas tolice; falar sobre a honra com o conhecimento de seu significado, e ainda assim traí-lo, esse sim é um crime contra a honra, ato vil de homens sem moral. A honra perde seu lugar nos nossos dias, ainda que ande sempre nas palavras muitos. Quem dera ela andasse também por suas ações!
Honra! Amada dos que não a conhecem! Que tua voz seja ouvida nos corações dos que a preservam! Que teu valor acalente o coração dos que a buscam! Que tua luz seja a guia dos que louvam com sinceridade! Pois hoje, o mundo a esquece! Hoje, o mundo a despreza! Hoje, o mundo zomba da honra! Por que? Porque a honra é a prática da correção, e o nosso mundo hoje ensina que o “sucesso” está acima dos valores; eu digo que o sucesso verdadeiro está em viver dignamente, de acordo com seus valores, mais do que trai-los em nome dele. Por que? Porque a honra é a prática da honestidade, e o nosso mundo diz que esta pode ser sacrificada em nome da obtenção de alguma vantagem; eu digo que nenhuma vantagem que provenha da desonestidade é digna de orgulho. Por que? Porque a honra é a prática da verdade, e o nosso mundo diz que a verdade pode ser contornada em nome de falsas premissas sociais; eu digo que o homem que diz a verdade é mais digno de respeito do que aquele que mente por medo da segregação. Por que? Porque a honra é a prática da justiça, e nosso mundo nos ensina a bajular os que podem nos trazer uma suposta elevação, e a atacar os que só parecem ser ameaças; eu digo que o homem que trata a todos por seus próprios méritos é digno de confiança, o que não bajula o que está acima é mais digno de orgulho, o que não ataca o que ainda não conhece é mais digno de conselho. Por que? Porque a honra é compromisso com a palavra empenhada, e nosso mundo nos ensina que a palavra não imortalizada no papel morto é indigna de se fazer valer; eu digo que o homem que possui amor à própria palavra e a faz cumprir é aquele em que se pode confiar como verdadeiro, como aquele que possui apenas uma face assim como possui apenas uma palavra. Por que? Porque a honra é a prática de conhecer a si mesmo, e o nosso mundo ensina que devemos sempre nos espelhar em outrem para, no fim, poder supera-los; eu digo que a honra deve ser praticada para si mesmo, e não para os outros, sua dedicação deve ser para sua própria evolução, não para os outros, seu maior desafio deve ser para superar a si mesmo, nunca a outro a quem inveje. Por que? Porque a honra deve ser praticada em nome de sua própria vida e alma, e o nosso mundo ensina que a honra é derivada do que outras pessoas vão pensar; eu digo que é o contrário, aquele que propaga falsamente a honra sempre pagará mais caro quando descoberto, mas aquele que pratica o comportamento honrado de forma honesta, sem buscar elogios alheios, será reconhecido por aqueles que sabem o que é honra, e admirado por aqueles que ainda a valorizam. Por que? Porque a honra é pessoal, mas nosso mundo ensina que ela pode ser roubada, e por isso é trivial; eu digo que sua honra só pode ser perdida por suas próprias ações, e que não deve nunca ser confundida com mero orgulho ferido. Por que? Porque a honra é ação, e o nosso mundo ensina que valores são etéreos, restritos ao mundo das ideias, e não aplicáveis ao mundo prático; eu digo que sacrificar os próprios valores em nome da praticidade e do imediatismo do mundo moderno é mutilar a própria alma e nosso próprio papel como humanos nesse mesmo mundo.
Honra! Desperta nesse mundo que a desconhece! Desperta nesse mundo que a difama! Desperta nesse mundo que a agride! Honra! Elevada guia dos dignos! Amiga dos senhores de si mesmos! Saudosa inspiradora dos heróis! Surja novamente no mundo, para que sejamos uma vez mais guiados pela correção, honestidade, verdade, justiça! Para que sejamos os primeiros a julgar a nós mesmos! Honra! Elevada estrela que hoje brilha esquecida nos obscuros céus do mundo moderno! Que sua luz acenda novamente a fagulha no coração dos dignos! Que a chama se espalhe por nossas almas, incendiando-as com o resplendor da dignidade! Que com a luz da Honra, a verdadeira honra, a honra praticada mais do que apenas dita, possamos nos encontrar com os Deuses no Andumnos! Honra!
Publicado originalmente em barddkunvelin.wordpress.com