60 anos em 1 dia.
Ainda me falta entendimento, por isso não exijo que ninguém me entenda. Por mais crescida que eu seja, ainda sinto a flor de minha imaturidade ingenua pulsando de leve em minha cabeça. Tantos anos se passaram e eu ainda não sei o significado da vida. Não creio que na divindade de um templo se encontre a paz, não creio que o inferno vem depois da morte eminente. Eu creio em minhas próprias afirmações, medos e negações. Não que isso seja uma verdade imutável. Não há nada no mundo que não se modifique com o tempo. Dá chuva eu sou o estrago após a enchente, à procura do cheiro que vem antes da chuva. E mesmo que a vida seja uma batalha na qual uma parte de mim morre aos poucos todos dias, prefiro não ferir quem me segue e continuo a morrer assim. Não sou santa, muito menos algo ruim. Apenas alguém que buscava tanto se encontrar que, hoje em dia, prefere se perder cada vez mais. Achar-se deve ser morrer de vez. O que faz da trajetória algo magnifico é o caminho, mesmo que o fim seja terrível. É assim na maior parte dos lugares em que vou, o caminho é bem mais atrativo que o fim. Nessa parte é que me sinto pulsar imatura. Afinal de contas gente grande não tem medo da chuva, não tem medo de si, não procura se achar, pois, já se encontrará... Espero não envelhecer mais 60 anos em dias assim.