APREENSÃO
APREENSÃO
No caderno
Folhas em branco
De um branco incômodo
Um branco trevoso
Um lápis sem ponta
Mas mesmo que com ponta
Nada escreveria
Pois a cabeça está vazia
Cheia de piração
Sem inspiração
E o tempo passa
Faz trapaça
Finge que vai voltar a luz
Mas tudo é apagão
E a tensão aumenta
E arrebenta
Qual arrebentação
Cheia de espuma
Mas tudo é bruma
Ou embromação
Deste mato não sai coelho
Que dirá poesia
O olho está carmesim
Sem rutilo sem orgia
De estrofes e versos
Dispersos, perversos
Será que a poesia
Fugiu de mim