APREENSÃO

APREENSÃO

No caderno

Folhas em branco

De um branco incômodo

Um branco trevoso

Um lápis sem ponta

Mas mesmo que com ponta

Nada escreveria

Pois a cabeça está vazia

Cheia de piração

Sem inspiração

E o tempo passa

Faz trapaça

Finge que vai voltar a luz

Mas tudo é apagão

E a tensão aumenta

E arrebenta

Qual arrebentação

Cheia de espuma

Mas tudo é bruma

Ou embromação

Deste mato não sai coelho

Que dirá poesia

O olho está carmesim

Sem rutilo sem orgia

De estrofes e versos

Dispersos, perversos

Será que a poesia

Fugiu de mim

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 10/12/2013
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