Don't trust me

Não acredite em mim. Sou do tipo que demonstra uma seriedade além do normal. Pareço esnobe, fria, sem graça, arrogante, estúpida e egoísta, mas não passo de uma pobre criança tentando entender os mistérios dos sentimentos. Sou uma criatura que vive no mundo da Lua, uma criaturinha que tenta parecer insuportável só para chamar atenção. Não sou carente, mas quero que você me dê carinho. Só VOCÊ. Menos que isto não basta.

Finjo odiar o mundo, porém, eu o amo. Não sou duas caras, nem bipolar ou coisa do tipo. Eu simplesmente tenho uma máscara, e é raro eu querer tirá-la. Ela me dá força, poder. Ela me faz parecer má, inconsequente, louca. Ela chama a sua atenção.

Mas, não se deixe enganar. A verdade é que eu sou manteiga derretida. Finjo que sou durona, mas é só disfarce. É a minha forma de fingir que não me importo com nada, que não curto o romantismo e que demonstrações de amor me irritam. A verdade é que eu gosto de um livro com dedicatória, um beijo demorado de despedida, um sorriso de canto de lábio, um abraço que diz "não vou te soltar nunca mais", um sussurro manso ao pé do ouvido, um olhar tímido, uma mão sobre a outra, um afago nos cabelos e um "eu te amo" sincero. É, meu caro, a verdade é que eu gosto de você.

Gosto mais do que devia, devo ressaltar. Gosto a ponto de ficar doente quando não te vejo. Mais que gosto: eu amo. Amo cada uma das suas células, amo seus defeitos, seus medos. Demonstro odiar tudo em você, demonstro não suportar a sua presença, mas é tudo mentira. Estou apenas tentando camuflar meus sentimentos. Tento não demonstrar que adoro a tua letra irregular, que teu cheiro (não falo do cheiro amadeirado do seu perfume, e sim daquele cheiro doce que sinto quando você me abraça, um cheiro que está concentrado no teu queixo e em teus cabelos despenteados) me provoca, que tua voz me entorpece, que teu olhar me deixa com os nervos à flor da pele, que o teu sorriso me leva ao paraíso e que o calor dos teus braços em torno de mim é o suficiente para que eu fique de pernas bambas. Toda a minha frieza é a minha armadura, a minha proteção contra o sentimento arrebatador que está dentro de mim. É o meu jeito de (tentar) me livrar deste vício chamado "você".

Mas, meu anjo, não confie nesta minha frieza, na arrogância, na "eu" mascarada. Arranque minha armadura e descubra meu lado sensível. Não saia, não deixe que as minhas palavras rudes machuquem você. Não me deixe, pois, como diria o Renato Russo, "quando não estás aqui, sinto falta de mim mesmo e sinto falta do teu corpo junto ao meu".

*Conheça o meu projeto de livro: fb.com/oamorusamascaras

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 07/12/2013
Código do texto: T4602732
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