O Brasileirão 2013 está chegando ao fim. O campeonato foi sem graça. Cruzeiro foi campeão com sobras. A raposa papou a fatura há pelo menos 13 rodadas.
Na 26ª rodada, o Cruzeiro iniciava o jogo com o Náutico com 11 pontos a mais que o segundo colocado. Só o mais otimista acreditaria que um dos times poderia tirar uma diferença como essa. A raposa levou o campeonato sem dar sopa para o azar! Sem zica! Sem 13.
Agora a emoção está para a última rodada mesmo. A briga é para ver quem não vai cair. Um carioca, pelo menos, cai. Podem cair até dois. Fluminense e Vasco brigam contra a degola. Esse BR-13 será 13 para um dos gigantes cariocas (ou para os dois).
Para encher um pouco com política, vou soltar o meu palpite nessa linha. Estamos em tempo de “virada à direita” nas letras brasileiras jornalísticas, - tempo de Pondé, Constantino e Lobão, críticos vorazes do que eles chamam de “esquerdopatia” -, eu me lanço contra o Nelson, me lanço contra a virada de mesa no futebol.
O Nelson Rodrigues falava:
“Eu vos digo que o Fluminense é o melhor time do mundo. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.
Na boa, na moral, hoje falo:
Que caia o Fluminense! Pela moralização do futebol! Pelo seu torcedor mais ilustre, Nelson Rodrigues (que tanto atacou a moral, mas que é desmoralizado por ter apoiado algo tão imoral como a Ditadura Militar)! Que caia o Fluminense, pois ele ainda deve uma Série B!
Não é que eu não goste do escritor Nelson Rodrigues, do escritor eu até gosto, eu não gosto mesmo do homem das letras que defendeu a Ditadura Militar.
Nelson foi um grande escritor, mas um reaça de mão cheia. Tudo bem que o filho dele, o Nelsinho, foi um opositor ao regime: enquanto o pai apoiava o golpe, o filho lutava contra.
Como escritor foi subversivo, foi ácido, cronista esportivo dos bons. Foi tricolor das Laranjeiras roxo. O escritor celebraria cem anos em 2012. Nasceu num 23 de agosto de 1912. E nesse 2012, o Flu o presenteou com um título nacional. Assim, no centenário de amor de Nelson pelo Fluminense, o Brasileirão veio.
Agora estamos em 2013. E em 2013 se celebra 13 anos que o Clube dos 13, numa virada de mesa, tirou o Fluminense da 3ª Divisão para jogar a Séria A, sem ter ao menos jogado a Série B.
Se ganhar um título no centenário de Nelson foi glorioso para quem gosta de simbologia, pagar uma dívida de 13 anos em 2013 seria ao menos curioso. E o 13 para o Nelson é sugestivo, já que foi num de 13 de dezembro que inventaram o tal AI-5.
O mesmo Nelson também enunciou: “Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória.”
Se “a história tricolor traduz a predestinação para a glória”, o Flu está em dívida com ela. Foi vergonhoso voltar à elite do futebol sem merecer. Foi vergonhoso voltar com uma virada de mesa apoiada pelo vascaíno Eurico Miranda. Acredito que será até bom para o Fluminense depois de 13 anos apagar essa dívida do passado (mesmo que para alguns ele ainda continue devendo).
Sei que muitos não vão concordar comigo, mas como o próprio Nelson apontava: “Toda unanimidade é burra”.
Se ao término do BR-13 o Flu cair, a história da segunda divisão para o time se repetirá. E quando falamos de história que se repete, penso em outra citação, mas não do Nelson:
“Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
A célebre passagem do Marx é lembrada aqui para que a provável queda do Flu não seja vista como tragédia, mas como um grande reparo. O Fluminense é grande e se cair superará: agora sem virada de mesa.
Na 26ª rodada, o Cruzeiro iniciava o jogo com o Náutico com 11 pontos a mais que o segundo colocado. Só o mais otimista acreditaria que um dos times poderia tirar uma diferença como essa. A raposa levou o campeonato sem dar sopa para o azar! Sem zica! Sem 13.
Agora a emoção está para a última rodada mesmo. A briga é para ver quem não vai cair. Um carioca, pelo menos, cai. Podem cair até dois. Fluminense e Vasco brigam contra a degola. Esse BR-13 será 13 para um dos gigantes cariocas (ou para os dois).
Para encher um pouco com política, vou soltar o meu palpite nessa linha. Estamos em tempo de “virada à direita” nas letras brasileiras jornalísticas, - tempo de Pondé, Constantino e Lobão, críticos vorazes do que eles chamam de “esquerdopatia” -, eu me lanço contra o Nelson, me lanço contra a virada de mesa no futebol.
O Nelson Rodrigues falava:
“Eu vos digo que o Fluminense é o melhor time do mundo. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.
Na boa, na moral, hoje falo:
Que caia o Fluminense! Pela moralização do futebol! Pelo seu torcedor mais ilustre, Nelson Rodrigues (que tanto atacou a moral, mas que é desmoralizado por ter apoiado algo tão imoral como a Ditadura Militar)! Que caia o Fluminense, pois ele ainda deve uma Série B!
Não é que eu não goste do escritor Nelson Rodrigues, do escritor eu até gosto, eu não gosto mesmo do homem das letras que defendeu a Ditadura Militar.
Nelson foi um grande escritor, mas um reaça de mão cheia. Tudo bem que o filho dele, o Nelsinho, foi um opositor ao regime: enquanto o pai apoiava o golpe, o filho lutava contra.
Como escritor foi subversivo, foi ácido, cronista esportivo dos bons. Foi tricolor das Laranjeiras roxo. O escritor celebraria cem anos em 2012. Nasceu num 23 de agosto de 1912. E nesse 2012, o Flu o presenteou com um título nacional. Assim, no centenário de amor de Nelson pelo Fluminense, o Brasileirão veio.
Agora estamos em 2013. E em 2013 se celebra 13 anos que o Clube dos 13, numa virada de mesa, tirou o Fluminense da 3ª Divisão para jogar a Séria A, sem ter ao menos jogado a Série B.
Se ganhar um título no centenário de Nelson foi glorioso para quem gosta de simbologia, pagar uma dívida de 13 anos em 2013 seria ao menos curioso. E o 13 para o Nelson é sugestivo, já que foi num de 13 de dezembro que inventaram o tal AI-5.
O mesmo Nelson também enunciou: “Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória.”
Se “a história tricolor traduz a predestinação para a glória”, o Flu está em dívida com ela. Foi vergonhoso voltar à elite do futebol sem merecer. Foi vergonhoso voltar com uma virada de mesa apoiada pelo vascaíno Eurico Miranda. Acredito que será até bom para o Fluminense depois de 13 anos apagar essa dívida do passado (mesmo que para alguns ele ainda continue devendo).
Sei que muitos não vão concordar comigo, mas como o próprio Nelson apontava: “Toda unanimidade é burra”.
Se ao término do BR-13 o Flu cair, a história da segunda divisão para o time se repetirá. E quando falamos de história que se repete, penso em outra citação, mas não do Nelson:
“Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
A célebre passagem do Marx é lembrada aqui para que a provável queda do Flu não seja vista como tragédia, mas como um grande reparo. O Fluminense é grande e se cair superará: agora sem virada de mesa.