Onde caibo. Me caibo...

Eu ouço 'fica', 'fica', 'fica'...Fica porra nenhuma.

Quem vai ficar, fincar seus pés no chão, - outro chão, sou eu, não sou?

E eu não quero ir, desviar, parar meus pés, corpo e mente onde cabe apenas meu dedo. Tá me entendendo? Não quero ficar aqui. Não é meu lugar, não é o que foi feito pra mim, gosto do que é feito à medida. Não gosto do largo, do exagero, ou do apertado, que segura. Meus excessos escorrem quando me encaixo. Se não me encaixo meus excessos deixam de ser excessos, são preenchimentos. E caso aperte, segure, o excesso se torna excessivo demais.

Fui feita à medida para vida...Ou seria ela para mim...?

Logo, não fui feita pra estagnar onde não caibo por completo, ou onde sou incompleto perto de tamanha largura.

Onde cabem minhas mãos, ficam minhas mãos, onde cabem meus pensamentos, ficam meus pensamentos, onde cabem meus olhos, ficam meus olhos, onde cabem meus braços, ficam meus braços...

Mas onde caibo por inteiro, corpo, mente, braços, pernas, olhos, orelhas, mãos, é na vida em si...Só ali... Aqui...Lá...Sempre longe e perto demais... Ao mesmo tempo..

Onde meus braços são suficientes para abraçar...Mas nem sempre suficientemente largos para serem segurados..

Não sou segura, não gosto do seguro....

Voar....

Lili Braum
Enviado por Lili Braum em 21/04/2007
Reeditado em 21/04/2007
Código do texto: T458641