Marés de Silêncio
Marés de Silêncio
E tudo o que aprendo no meu silêncio, muitas vezes evasivamente sofrido, é que nada é determinante. Ora, se antes fosse, o futuro seria conhecido... O meu fim, eu já saberia! Não posso me queixar do meu silêncio, sendo este, um modo tão esclarecedor, tão frustrante e ao mesmo tempo, a quietude desse momento é um feixe de qualquer entendimento sobre a vida. São minutos achados, perdidos... Tempos em que canalizo o mundo dentro de mim e o peso antes carregado em minhas costas, se transpõe para dentro da minha mente... E quem sou eu, senão um encarcerado! (...) A minha demência suaviza o passar do tempo e as horas lutam por horas comigo. Eu sempre percebi o quão castigante é lutar contra isso, um castigo lutar contra o tempo! A inconstância do tempo me aflige tanto, que o amanhã é exatamente como aquele "bicho papão" que mora debaixo da minha cama! Eu quase nunca me atrevo a pensar nele.... São marés? Sim o tempo é como as marés... São difíceis de prever, de entender, mas estão lá mudando o curso, seu curso, o curso da vida o tempo inteiro e sempre haverá um significado para tudo o que acaba, haverá?
Então, por favor... Que haja em mim duas estações... Quero a tristeza reflexiva do Outono onde tudo parece padecer, no mesmo tempo que preciso ser a Primavera dentro de mim... São as esperanças que renascem a cada manhã e a vida parece tão imortal! Algumas vezes não tenho as palavras, permaneço em mágoas e agora não sinto nada mais. Algumas vezes não quero mudar, mas algo sempre muda. E agora sinto que... Apenas silêncio.
Victor Cartier