SOMOS INCÓGNITAS
Hoje não consegui deixar de pensar na vida,
Essa vida rotineira, por vezes estafante.
Observando a grande porta que se abre
No mesmo horário, diariamente a minha frente,
Onde as pessoas passam, vem e vão
Num constante caminhar lento ou apressado,
Algumas já vi, mas nem sei realmente quem são.
Parecem cansadas, algumas apressadas
Num constante caminhar, numa eterna busca?
Tento adivinhar o que se passa em suas mentes,
Umas parecem esperançosas, outras descontentes
Algumas tão absortas, como se ali não estivessem,
Olham para o nada, caminham como autômatas.
Concluí que embora estejamos a poucos passos,
Estamos a quilômetros e quilômetros de distância.
Todos possuímos um mundo interior quase indevassável,
Onde tudo é possível e nada é provável.
Há esse distanciamento real, verdadeiro,
Que existe entre eu e você, entre nós e o mundo inteiro,
Como se fosse proibido enxergar mais além.
Assim nos fechamos em nós mesmos,
Por isso não nos encontramos, nos afastamos.