Aprender a morrer
Hoje eu escutei que devemos aprender a morrer. Aprender a morrer!!! Para que?
Eu não desejo e nem espero a morte, eu quero a vida, eu quero a única vida que posso realizar. Tenho que aprender a viver, a viver comigo mesmo, o que já é um grande desafio, tenho que aprender a viver como muitos, sempre sendo um, o eu que realiza o viver a cada instante. Tenho que aprender a viver com os outros, tanto com os meus, porém muito mais importante ainda, com os outros. Tenho que aprender a viver a minha própria vida pelos outros, que desafio supremo, diferente do que viver para se salvar na morte, quero viver pela vida e quero aprender a viver para ajudar a salvar a vida dos outros. Quanto a morte, porque aprender a morrer? Ela virá, mais cedo ou mais tarde, com ou sem aprendizado, então economizo energias e me foco no que existe, e somente existo, somente existimos, na vida, belo e maravilhoso viver, viva a vida, a morte que se dane, uma vez que sequer dela participarei, que jamais com ela me encontrarei. Porque então me preparar para a morte? Enquanto vivo não sei o que a morte é, e quando ela chegar, no exato momento em que ela me retirar a vida, não mais existirei para saber o que ela é ou o como ela seja, assim jamais experimentarei do seu sabor, ou do seu dissabor.
Aprender a morrer, jamais, aprender a realizar algum viver digno, sempre. A morte somente dói e incomoda para os que aqui ficam vivos, para os que perdem amores, amigos, irmãos, colegas, conhecidos ou mesmo apenas irmãos em espécie, mas de novo, tenho que aprender a viver, também com a morte dos outros, mas nunca aprender a morrer.
Da morte quero distância, vivo sem dar valor a ela, aprender a morrer é para mim, um pouco como sofrer por antecipação, reduzi meu sofrimento assumindo uma vida “desesperançosa”, nunca desesperada. Da mesma forma que nada espero, também não espero a morte, finjo que ela não existe, na verdade a morte não existe, existem seres vivos e seres mortos, o que existe na realidade é o eu, ou os eus que me fazem ser único, estes seres se perdem em algum instante do viver, pois o circuito cerebral que dá sustentação biológica a mente finda o seu processamento, e o circuito neural assim não mais comporta sustentar sua complexidade funcional que permite emergir o inconsciente, e deste o frágil consciente. Em algum momento, primeiro se vai a consciência e depois se finda também a inconsciência, assim morremos, todos, mas sem que a morte em si exista, ou que eu tenha algum instante, por mínimo que seja, de contato ou convivência com ela. A morte é mais filosófica que real, real é o morrer. Em um momento eu existo como ser mental, em outro não mais existo, e assim não preciso me preparar para a morte, morrerei de qualquer forma, isto está forjado em cada um de nós, desde que a evolução “optou” pela reprodução sexuada.
Não morrerei feliz, também não morrerei triste, apenas morrerei. Momentos antes da morte posso até estar feliz, tenso, medroso, tranquilo ou sofrendo, mas no exato momento da morte, que me faz um nada eterno, no momento em que me findo, que volto a ser matéria bruta reciclável, não mais posso estar alegre ou triste. Alegre ou triste estarão alguns vivos com a minha morte.
Sou materialista realista por amor a alegria, por amor a vida, e nunca a morte, por mais natural e realizável que ela seja.
Gostaria de terminar este texto, com uma passagem que tentarei reproduzir, do grande, pelo menos para mim, Espinosa. Ele escreveu mais ou menos assim: “Um homem livre não pensa em nada tão pouco, quanto na morte, e sua sabedoria não é nenhuma meditação sobre a morte, mas sim sobre a vida.”.
Aos que me conhecem, sabem que não creio absolutamente em sábios, mas Espinosa tinha uma mente muito a frente de seu tempo, e é um daqueles que me faria muito feliz se pudesse conhecê-lo em pessoa e conversar com ele. É revoltante para mim, imaginar que a toda poderosa, “sábia” e “infalível” igreja o tenha perseguido e tenha proibido aos cristãos conhecer seus escritos. Isto tudo, simplesmente porque o deus de Espinosa não é o deus da igreja Católica.
Hoje eu escutei que devemos aprender a morrer. Aprender a morrer!!! Para que?
Eu não desejo e nem espero a morte, eu quero a vida, eu quero a única vida que posso realizar. Tenho que aprender a viver, a viver comigo mesmo, o que já é um grande desafio, tenho que aprender a viver como muitos, sempre sendo um, o eu que realiza o viver a cada instante. Tenho que aprender a viver com os outros, tanto com os meus, porém muito mais importante ainda, com os outros. Tenho que aprender a viver a minha própria vida pelos outros, que desafio supremo, diferente do que viver para se salvar na morte, quero viver pela vida e quero aprender a viver para ajudar a salvar a vida dos outros. Quanto a morte, porque aprender a morrer? Ela virá, mais cedo ou mais tarde, com ou sem aprendizado, então economizo energias e me foco no que existe, e somente existo, somente existimos, na vida, belo e maravilhoso viver, viva a vida, a morte que se dane, uma vez que sequer dela participarei, que jamais com ela me encontrarei. Porque então me preparar para a morte? Enquanto vivo não sei o que a morte é, e quando ela chegar, no exato momento em que ela me retirar a vida, não mais existirei para saber o que ela é ou o como ela seja, assim jamais experimentarei do seu sabor, ou do seu dissabor.
Aprender a morrer, jamais, aprender a realizar algum viver digno, sempre. A morte somente dói e incomoda para os que aqui ficam vivos, para os que perdem amores, amigos, irmãos, colegas, conhecidos ou mesmo apenas irmãos em espécie, mas de novo, tenho que aprender a viver, também com a morte dos outros, mas nunca aprender a morrer.
Da morte quero distância, vivo sem dar valor a ela, aprender a morrer é para mim, um pouco como sofrer por antecipação, reduzi meu sofrimento assumindo uma vida “desesperançosa”, nunca desesperada. Da mesma forma que nada espero, também não espero a morte, finjo que ela não existe, na verdade a morte não existe, existem seres vivos e seres mortos, o que existe na realidade é o eu, ou os eus que me fazem ser único, estes seres se perdem em algum instante do viver, pois o circuito cerebral que dá sustentação biológica a mente finda o seu processamento, e o circuito neural assim não mais comporta sustentar sua complexidade funcional que permite emergir o inconsciente, e deste o frágil consciente. Em algum momento, primeiro se vai a consciência e depois se finda também a inconsciência, assim morremos, todos, mas sem que a morte em si exista, ou que eu tenha algum instante, por mínimo que seja, de contato ou convivência com ela. A morte é mais filosófica que real, real é o morrer. Em um momento eu existo como ser mental, em outro não mais existo, e assim não preciso me preparar para a morte, morrerei de qualquer forma, isto está forjado em cada um de nós, desde que a evolução “optou” pela reprodução sexuada.
Não morrerei feliz, também não morrerei triste, apenas morrerei. Momentos antes da morte posso até estar feliz, tenso, medroso, tranquilo ou sofrendo, mas no exato momento da morte, que me faz um nada eterno, no momento em que me findo, que volto a ser matéria bruta reciclável, não mais posso estar alegre ou triste. Alegre ou triste estarão alguns vivos com a minha morte.
Sou materialista realista por amor a alegria, por amor a vida, e nunca a morte, por mais natural e realizável que ela seja.
Gostaria de terminar este texto, com uma passagem que tentarei reproduzir, do grande, pelo menos para mim, Espinosa. Ele escreveu mais ou menos assim: “Um homem livre não pensa em nada tão pouco, quanto na morte, e sua sabedoria não é nenhuma meditação sobre a morte, mas sim sobre a vida.”.
Aos que me conhecem, sabem que não creio absolutamente em sábios, mas Espinosa tinha uma mente muito a frente de seu tempo, e é um daqueles que me faria muito feliz se pudesse conhecê-lo em pessoa e conversar com ele. É revoltante para mim, imaginar que a toda poderosa, “sábia” e “infalível” igreja o tenha perseguido e tenha proibido aos cristãos conhecer seus escritos. Isto tudo, simplesmente porque o deus de Espinosa não é o deus da igreja Católica.