Sobre A Solidão (Apesar Do Adeus, Comentários Me Fizeram Ter Vontade De Continuar a Saga Sobre Minha Dor)
Certas dores não têm cura. Apenas controle paliativo.
É assim que posso começar uma tentativa de expressar o tamanho da dor da solidão. E ela, a maldita solidão, é uma soma de fatores. Não é apenas o fato de se estar sozinho. É muito mais do que isso. Vai muito além da velha frase “se sentir só em meio à multidão”.
Não, não estou aqui pra achar o melhor significado da palavra. Estou neste mundo, provavelmente, pra redefinir o que ela significa. É um tipo de solidão que dói acompanhado. Acompanhado dos fantasmas do passado e das projeções do futuro. Acompanhado da sombra que rejeita seu dono e de um reflexo no espelho que teme a imagem que reflete.
Isto que sinto não pode ser definido nem com textos imensos. Posso procurar maneiras de expressar, verbalizar, posso até criar neologismos. Sempre haverá um resquício ainda não dito, um pedaço, uma parte, faltando.
Eu estou do seu lado agora. Se você está lendo este texto, eu estou com você. Sim, se você prestar bem atenção nas entrelinhas, respirar lentamente e ouvir o silêncio, sentirá minha respiração. Talvez se arrepie. Talvez não. Talvez sinta minha respiração no seu pescoço e isso faça você olhar pra trás procurando alguém. Eu estou aí. Acredite. Estou lhe fazendo companhia. Porque aqui estou sozinho. E estar com você é bem melhor.
Como explicitei, estou sozinho. Não há dor aqui. Não há luz. Não há nada. Nem eu. Estou sozinho não sendo nada e sou um nada por estar sozinho. Sou relutante, redundante, ambíguo, inimaginável. Sou tudo que sua mente pensar. Mas estou só. E estou delirando.
Estou vendo coisas que não existem. Posso ver a dor se materializando. Posso ver a tristeza em forma de pessoa... E ela se parece com você. Sim, o rosto da tristeza é o seu rosto. E está sorrindo, zombando da minha dor.
Maldita!
Posso sentir você comigo. Você esteve comigo muitas vezes antes e eu me sentia bem. Agora está em outro lugar, mas deixou seu fantasma pra cuidar de mim. Pra tomar conta de mim. Pra me manter na rédea que eu mesmo me pus para demonstrar que poderia ser o melhor. E nunca fui. Você se foi. Eu me fui. Nada me restou. Nada hoje sou.
Solidão. Ah, sim, a solidão. O tema disto tudo. Desculpe-me, eu fugi do tema... Assim como tenho fugido de tudo a minha vida inteira. Estive fugindo para buscar coisas que não pude ter e perdi aquilo que procurava por mim. Hoje há gritos dentro de mim que clamam por algo bom. Gritos ensurdecedores que não são ouvidos. E esses gritos se transformam em lágrimas, aqui, sozinho. Gritos que se transformam em sorrisos falsos pra escondê-los. Gritos que não silenciam, mas que jamais serão atendidos.
Não espero que ninguém me entenda. Não estou revelando meus sentimentos pra ser entendido, mas pra que eu possa tentar entender o que se passa dentro de mim. E fora também, já que a culpa desta solidão não se atém ao meu interior. Talvez, principalmente, ao exterior.
Dentro de mim existem estilhaços das coisas boas que senti e fiz. Pedaços de amor, cacos de alegria, migalhas de sorrisos e cinzas de bons dias. E, uma coisa que aprendi, é que quando essas coisas se esmiúçam dessa forma, não podem voltar mais como eram. Não pode acontecer novamente o que aconteceu e, muito menos, coisas melhores.
Fato é que eu ainda tento explicar o que sinto. Embora eu seja o único a sentir e tenha certeza que mais ninguém neste imenso planeta merece se sentir assim. Um mártir para a dor, para a solidão e para cada sentimento de desprezo que possa imaginar. Peço que procure nas entrelinhas o sangue e as lágrimas que derramo neste momento. Não se preocupe, não irei e nem posso culpar ninguém se você não conseguir.
Vou finalizar este texto, mas ainda não disse tudo. É provável que eu volte, caso vivo ainda estiver, pra adicionar novos detalhes e sentimentos que esqueci de comentar. E trazer metáforas que, mesmo pouco ilustrativas, possam demonstrar o que existe atrelado à esta fraca alma, a este inútil coração. Se você acha que me sinto bem ao expressar o que sinto, sinto em dizer que se enganou. Já passei do tempo em que escrever aliviava minha dor.
É apenas um efeito paliativo.