A Pequena Ventania Que Passou

Estávamos bem, aparentemente digamos, nos falávamos com carinho, nos víamos todos os dias por volta de trinta a quarenta minutos no meu horário de saída do trabalho, que era às uma e meia da tarde.Telefonávamos um para o outro e tínhamos assuntos que não sei de onde vinham mas eles estavam ali fluindo e florescendo cada vez mais que nós o discutimos, dormíamos no telefone ouvindo a voz um do outro, era fascinante nossa interação, não conseguíamos passar cinco minutos sem nos falar, isso seria o fim! Aquele vínculo sempre aparentou para mim nunca chegar a acabar algum dia. Até que este dia, chegou, assim do nada, algo apavoradamente sem explicação, que me perturbou por dias, e foram longos dias, de cansaço, dor, lentidão e toda aquele empilhamento de sofrimento e desespero que uma pessoa pode sentir sobre uma quebra de sentimentos em uma relação. E de onde isso veio, bem, é algo que nem eu na mais verdadeira intenção como escritora sei de onde surgiu tal derrubada. Pode ser justamente por isso que estou a escrever.

Houveram tentativas, interrogações, subjeções, gritos, um amontoado de hipóteses e soluções que obtiveram péssimos resultados, e rápidos, coisas de um dia, algumas horas. Nada do que tentei no começo fez algum tipo de efeito positivo, acho que foi isso o que destroçou mais, e foram se passando dias, até chegar em semanas e nada continuava a mudar, inutilmente nada mudou. E durante esses dias que se tornaram semanas, houveram, para a justificativa de tanto drama da minha parte, a mudança que de tanto bater em uma única tecla causa. Algo definitivamente deixou de existir entre nós, e era só um namoro, namoro de um ano e alguns meses, e parecíamos que éramos casados a anos e que aquele amor que no começo era a solução tinha sumido no ar, aquele casamento já esgotado e saturado, da mesma rotina e monotonia, de simplesmente tá acostumado com a outra pessoa e não se ver mais vivendo aquela vida com nenhuma outra, mas, poxa, era um namoro, como poderíamos estar nesse desgaste infinito. Essa interrogação me assolava. Deixamos de ser tudo que éramos, e fomos tentando aos mínimos detalhes retornarmos a nós mesmos. Mais uma vez foi falho e terrível. Não conseguíamos mais nos aproximar, terminar algum assunto que não terminasse em uma discussão, tudo era motivo de dúvidas, erros, desistência. Não nos beijávamos com a mesma intensidade, muito menos nos olhávamos, e quando isso ocorria era nítido ver-se só um vácuo no fundo de seus olhos, um sorriso forçado, os corpos colidindo sem a mísera faísca, a química estava longe, e o consenso, bem, acho que não sabíamos mais o que era isso. O desgaste aumentou-se a cada dia, todo o amor se foi como se ele nunca tivesse existido, ele se foi entre meus dedos como se não houvesse motivo para ficar, e acho que não haveria mesmo, ou se havia eu já não sabia mais como fazer para pôr tal ideia em prática. Não houveram mais dias, nem semanas, os últimos respingos se deram na nossa própria consciência e bom senso. E hoje falo oi com quem falava eu te amo todo dia antes de dormir.

Não sei você, que está lendo isso e imaginando sua história, mas eu, fico imaginando como pode o amor chegar e ir tão rápido, ele aparecer, te enlaçar, te contar histórias de amor, te falar ao pé do ouvido com todo aquele carinho suave, te fazer se sentir única e depois sumir, como se nunca tivesse aparecido. Será que a culpa é dele, ou nossa, que não cuidamos, ou da outra pessoa que não soube amar, ou dos dois, dos três. Às vezes nem é a pessoa certa, nem o momento, é só experiência, preparação para algo novo que vem mais a frente, por isso temos que deixar passar, é duro e difícil você perceber que a sua possibilidade e certeza é na verdade uma fase, um degrau de aprendizado. E, da mesma maneira que sabemos entrar no jogo do amor, temos que saber sair também, ver que temos tantos outros jogos para participar e conhecer, que, quem sabe em algum deles encontramos a peça que sem nenhum esforço nos encaixará. E nem todos nós temos essa sabedoria e acabamos sofrendo por algo que amanhã veremos que foi uma ponte para a nossa felicidade, para encontrarmos o que sempre estava a nossa procura.

Waleska Manik
Enviado por Waleska Manik em 11/11/2013
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