Mediocridade
Penso muito sobre a mediocridade... não como escolher sempre o caminho do meio, porque isso é covardia. Mas mediocridade em não servir para nada que preste, mediocridade em não se destacar em nada, apesar de haver potencial para alguma coisa, qualquer um tem potencial para ser alguma coisa. Ser um nada, ser um medíocre, não ser amado, nem odiado, não se aproximar de ninguém, conhecer somente a si mesmo e tornar isso o refúgio e a caverna particular, não de ignorância e cegueira, mas de não suportar viver plenamente e receber as coisas como são, é pesado e cansa e fere. Uma vida medíocre, ser sozinho, pagar o aluguel de um pequeno apartamento, almoçar no boteco da esquina, ter um sofá, uma cama, livros velhos, conseguir alguma foda ocasionalmente, cobrada ou por dó, ter um gato vira-lata pra me fazer sofrer de sinusite e sumir pulando da janela, um trabalho burocrático qualquer para poder pagar essas míseras despesas, pessoas para fingir ter uma vida social, andar pelado em casa e me embriagar com meio como americano de vinho barato.