Educação: até quando vilipendiada?
Amigos, segundo a eugenia, na evolução humana se tem verificado um predomínio do furor sexual sobre a inteligência. Que isso ocorresse nas antigas civilizações, onde a natureza sobrepujava o homem na quase totalidade dos elementos e momentos, tudo bem, se entende, pois nessa época os atributos físicos eram mais importantes, bons genes eram representados por homens musculosos e agressivos. Agora, que isso continue nos dias de hoje, num momento cultural caracterizado pela tecnologia, onde o domínio sobre a natura é raramente desmentido, demonstra um sério problema.
Problema porque vemos justamente quem não tem condições de criar física e mentalmente uma criança, tendo filhos aos borbotões, enquanto aqueles que deveriam se lançar nessa empreitada, refletem muito e, quase sempre, deixam essa ideia de lado. No livro “A Cabeça do Brasileiro”, o sociólogo Alberto Carlos Almeida afirma, baseado em diversas pesquisas, que quanto maior o grau de escolaridade, menos filhos a pessoa têm, em virtude da compreensão das dificuldades (financeira, psicológica e física) envoltas nessa obra ingente. Basta ver o Mr. Catra com seus absurdos 24 filhos, em flagrante contraste com a média nacional que gira de 1 a 2 filhos, bem como observar que, nos países desenvolvidos, a taxa de natalidade é, de regra, bem baixa.
Se Malthus estava certo quando afirmava que o crescimento populacional gera pobreza, ou se são os neomalthusianos que estão com a razão quando afirmam que é a pobreza que gera o crescimento populacional, a questão posta, e facilmente verificada, é que os nichos de baixa escolaridade, caracterizados pela miséria e mazelas de todo tipo, é o local que apresenta os maiores índices de natalidade. Claro, morrem muitos, mais os nascimentos são suficientes para suplantar essas baixas.
Ok, qual o mote de todo esse papo? O mote é demonstrar o real estrago que a crônica falta de investimento em educação gera no Brasil. São auxílios estatais para todo o lado e por todo motivo, cada vez maior abrangência de atendimento de saúde, facilitação de crédito para moradias, cursos técnicos de segunda linha e a toque de caixa criando subempregos para subescolarizados, processo legiferante punitivo em máxima velocidade (embora totalmente inútil), etc. Mas e a educação? Por que isso não é a prioridade das prioridades?
Não é prioridade essencialmente por dois motivos: primeiro, porque é algo que exige uma lógica estadista, alguém que pense na próxima geração, e não na próxima eleição; e, segundo, porque educação gera consciência crítica, e nada mais fácil de manipular que uma população ignorante. George Orwell bem apontou essa prática ditatorial em seu livro “1984” quando tratou da “novilíngua”, que nada mais era do que um empobrecimento vocabular, haja vista que, se ideias são a maior ameaça a um ditador, acabemos com seu veículo de expressão. Pode-se apontar ainda um terceiro fator: quanto mais ignorância mais filhos, ou seja, mais votos facilmente manipuláveis.
Com educação vêm não só uma consciência política apurada, mas a cidadania. Ter o direito de não ser enrolado numa transação comercial, de se comunicar com precisão, de apreciar elementos culturais outros que passam ao largo, de compreender a própria existência e valorizar a vida com maior intensidade, enfim, diversas são as vertentes que restam encapsuladas pela manutenção do nível educacional brasileiro nesse patamar ridículo que se encontra.
Projetos sociais de inclusão, com práticas literárias de estímulo ao gosto pelas letras, pela leitura, são excelentes, mas poucos, e mesmo que muitos, seriam insuficientes, pois nada substituiu uma educação forte e por largo período para decantar, pois é o “berço cultural e informacional” que dá amparo ao crescimento sustentável de um país.
Enfim, Brasil, “país do futuro”, e assim continuará enquanto não tratar seriamente a sua maior doença: a ignorância do povo!