Cenas
É que eu não o conhecia, pelo menos, não profundamente, da forma que deveria ser.
Memórias são sempre ousadas, infiltram-se no meu íntimo e, depois, me invadem violentamente até que eu transborde e morra. – Sempre estou transbordando de raiva; de amor; arrependimentos. Nesse instante perco o controle e ajo como um recém-nascido: desprotegido de tudo, mais precisamente, desprovido de inteligência madura.
Sempre ocorre a epifania da desordem, e eu admiro. ‘A moral e os bons costumes’ fedem mais que cadáver a céu aberto.
Às vezes, me perguntam se o deboche é minha arma, respondo que não com a cabeça, mas no fundo admito que seja sim uma de minhas defesas. Assim como: escrever com letra ilegível para me privatizar, construir poemas soltos como;
“Bagunça de um quarto adolescente,
Idade sempre crescente,
Desespero ardente,
Eu, pouco consciente.
Letras soltas;
Versos fragmentados.”
E muita vezes, permanecer em silêncio. O silêncio é quase um Deus!
No meio de tantos livros e filmes, algumas vezes, tenho o hábito de pausar as cenas e analisar os figurantes que, quase sempre, juram estar exercendo o papel de ator principal. – O humano é tão vazio. Apenas com um simples espaço consegue achar alimentos parar inflar todo o seu ego.
Ainda falando em filmes... Eu, perdido em minha solidão, volto os filmes, analiso cenas mais uma vez e me apaixono platonicamente por personagens, assim como; garotas virgens e lunáticas de quinze anos.
Com o coração todo derretido, choro de soluçar com cada história de amor clichê que devoro nas mais variadas literaturas. E nesse instante percebo que posso estar perdendo tempo, pois poderia estar executando ao invés de ser tão teórico. Sou a mais pura teoria maçante, como nas escolas católicas do século passado.
Toda vez que tento começar a viver uma história o papel e a caneta tomam conta do meu corpo psicografando coisas aleatórias. Já desisti de seguir uma ordem cronológica. Em quase todo momento do meu mais puro insight algo ocorre para que eu perca a equação, para que queria buscar respostas sempre. Sou a busca.
Faço questão de não me entender, afinal; é perfeitamente cômodo e aceitável.
Dentro de um observador experiente, por vezes, aparece um Alter Ego. Um jovem; fútil, inseguro, raso, metido a sabichão e com traumas infantis. Mas esse não sou eu, esse é apenas obra do um ego social construído. Sou desprovido de adjetivos, por ter a astucia de perceber que o ego não existe de verdade, é apenas obra social. Mas para que eu possa viver em um terço de paz, mascaro-me de jovem efêmero para que ELES jamais percebam minha audácia e me executem como um gado indo para o abate.
Resumindo: utopias e mais utopias.