No vazio dos teus olhos

Então sentes que o amor te escapa por entre os dedos. Não te pertence. Deixas-te cair com o olhar turvo na continuidade da tua débil existência. Memórias guardadas numa redoma de vidros estilhaçados que espelham figuras uniformes, uma realidade singular do que nunca fora de facto real. Memórias, não. Fantasias. Sonhos longínquos.

Estendes os teus braços, mas não és capaz de os alcançar. Olhas em frente, mas desviam-te o olhar. E sentes-te uma espécie de fantasma.

E nas lágrimas tuas te perdes, sem fôlego nem direcção; esperando por algo novo.

Num movimento de mãos desajeitado limpas as lágrimas do teu rosto, desenhas um sorriso de plástico e vives mais um dia.

A solidão engole-te por inteiro e sentes-te incapaz de fugir.

Dá-me a tua mão, juntos caminharemos na penumbra do silêncio. Onde podemos verdadeiramente ser felizes.

Hugo Ricardo
Enviado por Hugo Ricardo em 07/11/2013
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