UM CORPO NO ASFALTO

Vento.
Relampagos.
Trovões.
Chuva torrencial.
Na manhã fria, um corpo gélido está estático junto ao asfalto molhado.
Seu sangue se mistura com a água fétida.
Vinda de uma sociedade impura, que coloca ao homem uma verdade pura.
Hipócritas!
Vendilhões de almas.
Vendem até a mãe por migalhas!
Milhares vivem à margem da riqueza.
Sem anseios, sem metas, sem destino.
Vegetam em microcélulas que chamam de lar.
Um pedaço de chão, muitas vezes caro para pagar ao senhorio.
Que tira sem arrependimento quando não paga.
Tem ele fome desconcertante por dinheiro.
Para pagar as orgias de uma corte corrupta, sem ética, sem moral.
De um viver luxuoso.
As custas de um povo sofrido.
O corpo no asfalto, olhos abertos rumo ao infinito.
Busca um lugar para reconfortar sua alma.
Sofrida.
Doída.
Machucada.
Não quer dó nem piedade.
Somente busca justiça para aqueles que por aqui continuam.
Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 06/11/2013
Reeditado em 07/11/2013
Código do texto: T4559010
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