LÁGRIMAS

     A lágrima é uma gota que subiu do oceano do coração para o Céu. Transformou-se em misssionária celestial, para anunciar aos homens  que existe a dor, o medo, a incerteza, o arrependimento, o remorso, o desespero, a tristeza, a culpa, o abandono e, nas profundezas abissais de nossa alma: a saudade.
     São lágrimas, ao transformarem-se em choro.        Manifestações resultantes de atos humanos frente a rejeição, a injustiça, a perda, a renúncia e sentimento de humildade mediante o reconhecimento da grandiosidade da Criação. "São o sumo do coração, quando este é espremido".
     Na prova de alegria elas podem nos visitar, sendo certas nas depressões da tristeza; seiva bendita quando vinda dos céus, e apanágio de falsidade dos hipócritas e dos inimigos que nos tolhem os passos com laços e armadilhas. 
     Lenitivo dos desvalidos neste mundo de homens, dos esquecidos e desprezados, água que rega a saudade para que nela nasçam flores; forte desabafo, eco e clamor de todos os injustiçados.
     São fluxos de amor sincero que eclodem e rolam pelo rosto, e que só fazem enobrecer os mais elevados sentimentos.
      Há os que se revestem de ressonantes personas, ampliam soluços e representam o eclodir do choro através das  lágrimas .  Atuam por dramaturgia de artimanhas em proveito próprio, em detrimento de seus semelhantes. A persona chora em momento qualquer.
A teia da vida cedo ou tarde enredará esses falsos personagens.
     Todo ato se conclui com outro ato a finalizar-se na apoteose da peça quando fecharem-se as cortinas. Os atos da vida são frágeis e inconsistentes; fugazes como névoa que se esvai com o vento. É grande sabedoria valorizar-se em verdade os sentimentos perante a Eterna Criação.
     As lágrimas elevadas aos céus, são captadas pelo Criador, e retornam sagradas e só cabem no mesmo e legítimo espaço que as despreendeu. As falsas, logo se evaporam como a chuva caída no tórrido deserto que não as retém e de imediato se esvaem.


 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 04/11/2013
Reeditado em 04/11/2013
Código do texto: T4555577
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