De minhas ideias se faz o mundo
De minhas ideias se faz o mundo, não sei se ele existe à parte a mim, pois se estou triste o mundo é triste, se estou feliz o mundo é feliz. O mundo é minha ideia que faço dele, ele parece existir para refletir as sensações de mim mesmo. Sou uma sensação dos meus próprios pensamentos, sou um ser pensante que percebe seu próprio corpo como sendo apenas percepção subjetiva, que pode ser tanto uma coisa quanto outra dependendo da perspectiva de quem o percebe. Mas como é o mundo fora da percepção que cada um carrega consigo? Existe um mundo exterior? Todos estamos nesta cela infinita da vida, todos estamos vivendo no mesmo espaço, vendo as mesmas coisas e as percebendo de formas diferentes, e mesmo assim temos a sensação de que o mundo somente existe para nós que o percebemos. Se tivéssemos 14 sentidos o mundo seria completamente diferente. Se você tivesse duas cabeças e cinco olhos o mundo seria outro. O mundo que uma abelha vive não é o mesmo que o seu mundo. Torno a me perguntar: O que é o mundo além de nós?
Em minhas reflexões sombrias tenho a sensação — novamente sensações — de que estou só neste mundo. Um pessimismo solipsista revela-se em todos os livros que leio como se eu estivesse lendo a mim mesmo. Um profundo sentimento de que algo maior está acontecendo me invade o ser, como se estivesse me autoconhecendo, despertando. Lapsos de devaneios me tiram a noção de realidade e sinto como se estivesse dentro de um sonho em que sou tudo e todos se experimentando de perspectivas diferentes. Eu objetivo minha própria existência pelo olhos de outros Eu's que me percebem como um objeto no espaço. Sim, isto é completamente insano. Tudo é insano. A vida é um delírio cósmico perturbador. Pensar é insano.
Penso que estou louco, e que talvez sejamos apenas máquinas como diz a ciência, enquanto isso vivo cercado no meu mundo de delírios esquizofrênicos. Loucura... o que é a loucura? Vivemos mergulhados numa existência de pura loucura. O próprio ato de inspirar a expirar o ar é uma loucura. Sonhar é uma loucura.
Penso, penso, penso... Já nem mesmo sei se penso, ou se penso que não sei se penso. Dizem que a dúvida é a única certeza, eu discordo, vivemos em um universo em que até a dúvida deve ser posto à dúvida.
Minhas escritas são uma mentira, tudo que escrevo hoje amanhã talvez já não concorde. Sou um ser a cada dia. Sou uma contradição. Não sei quem sou.
E este mundo estranho, que merda toda é essa? O abismo da noite faz refulgir as estrelas na negridão do universo, e eu fito tudo aquilo com o horror e ciência da consciência desta vida e de seu mistério medonho. Quem está vendo este mundo enquanto observo as estrelas? Sou eu? O que sou eu? Mas quem sou eu? Quebrei meu ser em estéreis formas quando percebi que não somos quem pensamos ser. Os pedaços de mim mesmo vagam pelo cosmo infinito de meu ser. Sou uma mistura de tudo que há nesta vida. Eu vago pelo abismo entre o tudo e o nada.
Sobre as ondas desta vida estranha, sigo perturbado confundindo a mim mesmo com tudo que existe. Louco, angustiado, talvez o único ciente de tudo, talvez sendo a doença de pensar... ou somente um esquizoide que toma seu tempo com ideias absurdas...