Há quem sinta, e quem descreva
Há quem diga que poetas sofrem. Oh, como sofrem! Descrevendo suas agonias e perturbações em linhas distorcidas e inacabáveis. Pois, há quem perceba que são entre estas linhas que estão os verdadeiros poréns dessas inquietudes poéticas.
Há quem esteja aqui para curtir quantas pessoas estiverem dispostas em uma noite só. Há quem só observe. Há quem sinta, há quem cale. Há quem esteja aqui para descrever as dolências humanas, há quem esteja aqui para transcendê-las. Há quem esteja aqui para contemplar as inconstâncias sidéreas, e há quem as desmistifique.
Mas os poetas, ah, os poetas! Estes, tão simplesmente, dizem o que o ser humano sente. Mas do simples, há quem complique. Do simples sentimento a coisa mais fácil é sentir. Sentir não sentindo. Pois quem sente, descreve. E o poeta, ah, o poeta! Está aqui para descrever o que a alma passa enquanto a gente se diverte e como o sentimento se contunde, mas a gente não pensa. O poeta está aqui para lhe dizer como são as cousas mais simples dos sentimentos, que deixamos passar despercebido.
E aqui estão os poetas, simplesmente para descrever o que os outros sentem e cousa e tal. É simples. Mas do simples, há quem complique, sempre. Os poetas perpetuam em papel para que não deixemos passar despercebido novamente o que outrora nos foi servido de lição, em forma de dor. Verbalizam cousas indefiníveis. Quase impossíveis de descrever. Pois, enfim...
O poeta descreve as cousas da alma, cousas estas que, o sentimento, a vida e as palavras, quase que não acompanham.