Como pôde?
Ainda prefiro deixar a sopa esfriar enquanto procuro as letras que formam teu nome, ao tentar entender como pôde.
Prefiro esperar a chuva desandar pra ter um motivo e te ligar. Ou torcer para que o céu abra espaço pro calor e pra claridade, pra leveza e a doce brisa de um dia de sol, e assim, a gente possa se ver.
Prefiro aparecer propositalmente em algum lugar onde sei que você vai estar, e sentir o frio na barriga - aquele mesmo que enrijece a minha vontade de viver toda vez que te vejo.
Porquê, meus deus, me pergunto, como você conseguiu tudo isso?!
Como a lua cheia sempre me traz a tua lembrança, que aliás, nem chega a vagar para muito distante?! Ou como teu cheiro ainda me impressiona toda vez que te abraço?! Como eu gosto do jeito como caminha, como olha, como pára; do tom da tua pele e dos teus olhos?! Como pôde! Como foi que tudo isso se tornou uma inteira parte de mim?! Me pergunto.
Como foi... nem lembro mais.