Mendigo do Mundo
Um passo na noite, escuridão repleta de medos, escuto grilhos loucos, barulhos rotineiros, buscando no vazio que me trouxe, mais uma vez.
Aqui, nesse mesmo lugar, passo por noites e noites, o que era escuro não me trazem mais medo;
Medo sim, do assovio do vento, do constante vai e vem, das noites mal dormidas, da incerteza de acordar.
Sou o único que se tornou invisível aos olhos da sociedade;
Mas na realidade, me pergunto todos os dias, sou invisível mesmo ou todos ficaram cegos de repente.
Me entreguei, desisti, cansei e por vezes tenho quase a impressão que morri.
Às vezes me vem alguém, na calada da noite, me oferece um pão, penso, reflito se é confiável aceitar, mas, nesse estado que me encontro, que males viriam a me afetar.
Já sou um moribundo da sociedade, e quando me perguntam pelo nome, penso uma, duas, até três vezes antes de responder.
Mais de que importa meu nome, penso.
Eu que me exclui de tal forma, dessa sociedade centralista, de valores perdidos.
Agora posso dizer e reformular quem sou, sou seus olhos amanhã.
Esfomeado de saber, sobre quem me colocou, esse título vil.
Sei que todos já o sabem, e não os importa, mais um dia hão de ver, que entre todos os mendigos do mundo, enxerguei a verdade, e finalmente me mostrou o que todos querem ser.