Despedaçando um coração frio...
Não diria que foi alegria te encontrar, depois de anos perdidos. Foi um misto de dor, e saudade, e desejo, e felicidade; achei que jamais voltaria a te ver, foi sua a decisão de partir. Jurei, em poucos versos, e em muitas ocasiões, nem te procurar; eu pressenti que algo estava para acontecer, e me deixei levar.
E agora, você aparece, despedaçando um coração frio. Que não reconhecia a força de palavras duras, pois eu as pronuncio, sempre; sem sentimentos, sem amor, sem pena. Como se você me enfrentasse, querendo ser mais forte, mais do que eu; veio para derrubar tudo o que eu acredito, o mundo em que vivo, virar minha vida de cabeça para baixo. Pois é, nessa condição de loucura, que acordo todos os dias desde que tu chegasse; ansiedade, tensão, uma vontade de estar contigo, e ao mesmo tempo longe, não gosto de me sentir presa, a um sentimento, a alguém. Você é uma fraqueza que estou tentando controlar, e quando conseguir, não mais existirá aqui a mulher que você deixou, ela morrerá com os seus tolos sonhos de algo que não poderá ter, um abraço que não me abraça, uma boca que não quer me beijar. Não se expressa o que não se sente, eu devia saber disso desde o começo. Não há entrega, pois não há sentido para ela.
Quando isso tudo for superado e você novamente partir, apenas sobrará um grão de pólen de uma rosa, consumida pela dor da perda e pelo tempo que engoliu noites de lágrimas e sofrimento. Um coração pequeno, que começou a acordar e se espreguiçar, me chamando para a realidade, viver até quando, porquê respirar, por qual motivo bater?
Já não tão frio, e desperto, chora. Pois sabe que vai perder, novamente, e isso dói demais.
Eu não aceito perder, nunca aceitei. Te deixarei ir, levando consigo este tornado de emoções confusas e dispersas; e continuarei aqui, esperando o amanhã para adormecer nos seus braços, que não vai chegar. Um fogo me devorando, teimando em queimar e transformar tudo em cinzas. Para este futuro, que a Deus pertence, e que deixo minha vida nas suas mãos, jogando para o abismo algo que não consigo impedir.
Vá, e me deixe sozinha, com pequenos gestos que não lhe dizem nada. Palavras que não direi, amor que não entregarei. Pois já vendo tudo perdido, vou, a passos apertados, para o longe, antes de tua partida; não quero te ver ir, pois não sou ninguém para pedir que fique. Apenas um coração frio, se despedaçando por você...