Tanta gente protegendo os animais contra o ser humano... E quem protege o ser humano contra ele mesmo?
Acordei sonolenta, 4 horinhas dormidas por causa do maravilhoso show do Metallica, fui trabalhar, minha rotina diária.
Parei no terminal Princesa Isabel e vi mendigos, como sempre, pedindo algo… Um trocado, um centavo, um pão, um cigarro… Passei direto. Mas quando eu estava no meio da plataforma, voltei e comprei uns copinhos de leite com café que são R$1,00. Comprei dois para os dois que estavam lá, na porta, enchouriçando. Mas não estavam lá. Perguntei pra moça da limpeza se ela tinha os visto, e então ela esticou o braço e apontou pro canto do portão, num canto escondido, vários deles…
Dei bom dia e perguntei se alguém aceitava um cafezinho.
Olhos… brilho… E aquela caricia no sorriso triste, quase torto de tão duro de se esticar. Eu olhava para eles e podia ver um presente perdido, um passado sofrido, e um futuro incerto.
Por que estão ali?
Por que não lutam por seus ideias, planos, sonhos, ao menos por suas necessidades básicas?
Tinha um rapaz, que só tinha tamanho, chuto uns trinta e poucos anos, mas os olhos dele eram de moleque, de criança triste… É como se ele estivesse esticado, mas vi toda a sua essência de criança sofrida que ainda sonha em algo melhor.
Me deu vontade de passar ali todos os dias e dar café para eles.
Me deu vontade de comprar uma super garrafa térmica e oferecer isso todos os dias para eles.
Aí, me deu vontade de montar um café da manhã comunitário por ali, todos os dias e ver aquela fila enorme deles, de olhinhos felizes por um café com pão…
Aí, voltei para a plataforma, na minha rotina.
Meu sorriso tremia no lábio, logo abscindido pela minha realidade e a deles.
Entrei no ônibus e fui embora.
Eu fui sonhando… Por mim e por eles…