Perdão.
Perdão.
Parece-me muito evidente que, antes de tudo, todos nós temos, vivemos e convivemos com naturais limitações quanto às nossas condutas (fazer ou não fazer). Por outro lado, mesmo que durante “alguns momentos” (que podem eternizar certos fatos), também temos alguma possibilidades de escolhas. Desta feita, não é sem motivo e razão que há a proposição que nos informa sobre a chance de nos conduzirmos com perfeição celestial - repetindo: com humildade e ciente das próprias limitações [Mateus 5,48]. Assim, se podemos causar o Bem, não importa a quem, por pensamentos, palavras e obras... mãos à obra!
Lendo o Capítulo 3, Atos dos Apóstolos, a par da extraordinária beleza de Jesus Cristo, e os efeitos da força da fé Nele depositada, verifico a acusação sobre quem o crucificou: o povo, por intermédio de Pilatos.
Esta escolha, entre o ladrão e Cristo, lá mesmo, no Calvário, recebeu a graça e o perdão do próprio Jesus, quando Ele disse: “Deus! Perdoe-os, pois eles não sabem o que fazem ”!
Com sensibilidade e sapiência divinas, Jesus de Nazaré abre uma das “Chaves de Ouro” para a porta do Seu caminho: o Perdão - que pode ser conceituado como a “perda consciente e voluntária de uma violência sofrida”.
Quem consegue adotar o Perdão no Coração, até mesmo como Exercício Diário, cria a possibilidade de ter o próprio Coração aberto, apto e hábil para que nele seja instalado o Amor de Deus (saudável tautologia, pois Deus é Amor). Assim, por exemplo, há quem tenha um ente querido assassinado e quer que o assassino sofra, e há quem, nas mesmas circunstâncias, ao invés de se deter e ter a perspectiva do “mal com o mal”, perdoa (é o tempo de cada um).
Nada tendo a haver com a mera “desculpa sobre a irresponsabilidade” [v. “Dos delitos e das sanções” – www.recantodasletras.com.br], quando o violento não carece de ser submetido à dor-sofrimento, resultando na violência destinada a prevenir e combater a violência (neste milenar paradoxo), mas, sim, de tratamento em decorrência de suas próprias anormais condições, o Perdão pressupõe a predisposição íntima, o ânimo de não se sentir violentado e não indigitar culpa em quem é violento. O resultado imediato deste Estado de Perdão é a percepção e a concepção do Amor de Deus, pois não há como amar com o Coração vitimado, sofrido ou amargurado, e muitas vezes irado com a denominação de indignado, por uma violência – aliás, além disto, neste mesmo sentido, a falta do Perdão impossibilita a prática da Fé da, da Caridade, e do Amor; por outro lado, o Perdão só tem vez quando e onde está presente a violência [Mateus 6,34].
Logo, no momento em que o matavam no Seu corpo com o Seu suplício, Jesus Cristo nos dá a paz, e nos deixa a paz com o Seu ensinamento de que o Perdão o mantinha, e mantém, em Comunhão com Deus, em Comunhão com o Amor, o que pode nos acontecer (a todos) – como Exercício Diário.
Os que O Crucificaram o fizeram sem ter a menor noção (consciência) de Quem se tratava... não sabiam que aquele Homem era O Santo, Aquele que veio para salvar o mundo (o mundo de cada um que O tem no Coração), e que venceria a morte, como venceu, desde que está vivo até hoje, e agora, mostrando o Caminho, a Verdade e a Vida para bilhões de pessoas, repetindo, que O tem no coração [Mateus 18,20].
Enfim, todas as pessoas, sem exceção, que são “o sal da terra e a luz do mundo” [Mateus 5,13-14], merecem ser alvo do Bem, da Luz, ou da Vontade de Deus – pois Deus não faz acepção de pessoas [Deuteronômio 10,17. Romanos 2,9-13]. Aqui, portanto, não importa o vão julgamento para apontar quem é “merecedor” do Perdão, desde que não há a medida para medir o perdoado [Mateus 7,1-2], ou seja, não há justificativa que fundamente a acepção (ou discriminação) da pessoa, daqui partindo o entendimento do significado de “amar o inimigo” (inimigo: obstáculo - pessoa ou coisa - que indica não estar sendo praticada a Vontade de Deus – por contraditório que possa parecer ser, não há como fazer o Exercício do Amor sem resistência) [Mateus 5,43-44].
Beijos com Amor.
Rodolfo Thompson. 28/10/2013.
P.s. Exercício Diário [Salmos 89,4 (90,4). II Pedro 3,8]: dar o Perdão, e esperar, humildemente, o Perdão.