Minha não hipocresia

Tanto quis consumir toda a luz e o bem do mundo

que acabei por ser consumida

e não percebera de tão ávida que poderia ser assim.

Nos encontros de energias sobre a vida

que a cada passo e beleza vista,

cada esforço seria trocado.

Não soube lidar com os caminhos tortuosos

e controversos que encontrara.

Tão grande a sede de estar feliz, sem saber como ser

que uma mapa sem rumo descreveu-se sem linhas.

Mesmo sabendo

onde os sábios deveriam dispor de tanto sobre cada pensar,

estava uma pobre a desbravar o desconhecido

usando como bússola a pequena essência.

Fora tão certo o destino, quanto um barqueiro em seu veleiro enfrentando a fúria do mar, achando bastar que o sol lhe traria toda boa sorte na viagem.

São forças desastrosas.

Em toda beleza há toda força,

como em todo amor que há sacrifícios.

A vida nos prova, sempre soube, que para tanto mais que se quisesse, mais se deveria saber lutar, mais forte deveria se tornar.

Simples que para se correr onde quer que seja, dever-se-a dar muito além de querer ou pensar.

Vejo pessoas sadias, livres e me vejo ser uma pessoa livre e sadia.

mas penso, como ser alheios às façanhas?

Parece-me que tanto saiu de mim, que a cada novo tempo, quando sinto que vou ter que o fazê-lo, em busca de ter algo de novo, uma nova viagem, não tenho a avidez de antes.

Fora roubado ou eu não permita trocar mais luz.

sei do dia por vir...

Sei das belezas do céu, mas, de tão calejado, sinto doer as vísceras na tentativa de mexer meus braços...soterrar o chão em busca de uma chave, esta que há tempos caiu em profundo buraco, a fim de não permitir que abram algo onde senti tanto.

Não é o medo, talvez não seja. Parece ser a falta de querer, de aceitar abrir algo que esteve aberto com todos os sonhos, fragilidades e inocência apostados.

Naquele veleiro em quantas tempestades pude aguentar em sonho, ao sol que me abasteceria, mas, fato, que sinto não ter sido tão fraco para aquilo.

A sensatez mostra o despreparo, sei. Poderia ter sido melhor se eu soubesse mais sobre a importância do conhecer.

Sinto pesar, ao pensar nas vidas que conhecemos, sem a chance, ou com a chance, mas que não fizeram coisas para se promoverem.

E cá eu me cobrando por não ter sido tão mais em tudo.

Mas não adiantam lástimas, lágrimas e, não adianta a dor.

mas penso, a frieza, mesmo sendo nato, não deveria ser.

Ser um mártir dramático nunca será solução também

mas, então onde construir sentimentos?

Será que sempre? A cada instante sorrindo cortês. assim como o fato de esforça-se a estar feliz onde não está?

Volta-me a frieza, a falta de compaixão, pois isso nos faz sem expressão dando ao mundo nada, mas não lhe dando trabalho, sem cor ou sabor. Sem amargo, apenas a presença, dando aos coitados a chance de desenhar-lhes a ilusão que precisam.

Não sei se chamo tanta decadência de falta e amor próprio.

chamaria de falta de esperança sobre gelo que moldei.

ou que tento...

Pois o calor que há em todo meu espírito de outrora menina, sedenta pela luz da vida. Tornam-se cinzas que se empedram paradas, como a larva de um vulcão após anos.

Tudo parece-me tão pouco, tão fraco sem ser interessante que se quer tenho ânsia a euforia de tentar.

Eu não me entreguei. apenas quase morri após o colapso do céu, preso numa ilha sem destino de volta, ou, sem a esperança de ter a boa sorte sem ter que refazer tudo, sabendo desta vez, que deve-se tanto mais para não se afundar nas turbulências das águas.

Pode ser simples, vou viver quieto poupando o ar para que me sobre mais anos de vida, contudo, sobrar-me-ão as larvas petrificadas sobre meus pés do trajeto percorrido.

... vou talvez, dançar valsas vestida de luxo em noites de estrelas brilhando como uma pintura divina para que possam admirar.

dormir em meu leito guardado por anjos, como sempre toda menina quisera. serei a dama criada, dado a volta sobre as forças da vida e vencido cada curva, querida (em meu velho espírito daquele caldo quente).

mas eu nunca precisei de tanto.

a simplicidade me mostrou que o mundo esteve errado sobre as plumas.

mas o mundo onde vejo, ainda veste-na, mesmo dizendo-se buscar sentidos.

vivi em meus sentidos na falta de plumas, e hoje viverei plumas sem sentido. abraçada pela veste da sensatez.

mesmo sabendo que há muito partira naquele mar

tanto de mim e minha alma.

...

sejamos felizes. é o que prega o dicionário da humanidade.

mesmo sem significados, os valores se inverteram a fim de apenas apresentar tal status.

vivamos a vida, com luzes, sintéticas.

assim como deixaram-se de apreciar o brilho do céu quando colocado tantos postes em nossas ruas.