Canto mudo

Pestanejo olho adiante

sentada nesta cadeira a balançar

antes de olhos fechados

sentindo o vento ao meu redor dançar.

Vejo te chegar

daqui não pretendo levantar.

O rosto não transmite o que vai no coração

o corpo parece pular por dentro

o pulsar acelerado

a vontade de abraçar e calar minha emoção.

Passas por mim

nos cumprimentamos com um olhar

impávida e serena

com calma volto a respirar,

Um corpo preso a um mundo

e dentro deste corpo... outro mundo.

Uma mente que flutua entre dois caminhos

distintos entre si

mais iguais no seu domínio.

Limitam-se a dentro de mim guerrear

com esperança na vitória

sabendo que nenhum vai ganhar.

Me calo e entoo um canto mudo

para nele desfrutar do que nunca será futuro,

agradecer o passado que não posso mudar e ja foi presente,

viver no presente que nunca é aqui

esperar o futuro que nunca sei se há de vir.

Vane Silva
Enviado por Vane Silva em 17/10/2013
Reeditado em 05/12/2013
Código do texto: T4529428
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