Canto mudo
Pestanejo olho adiante
sentada nesta cadeira a balançar
antes de olhos fechados
sentindo o vento ao meu redor dançar.
Vejo te chegar
daqui não pretendo levantar.
O rosto não transmite o que vai no coração
o corpo parece pular por dentro
o pulsar acelerado
a vontade de abraçar e calar minha emoção.
Passas por mim
nos cumprimentamos com um olhar
impávida e serena
com calma volto a respirar,
Um corpo preso a um mundo
e dentro deste corpo... outro mundo.
Uma mente que flutua entre dois caminhos
distintos entre si
mais iguais no seu domínio.
Limitam-se a dentro de mim guerrear
com esperança na vitória
sabendo que nenhum vai ganhar.
Me calo e entoo um canto mudo
para nele desfrutar do que nunca será futuro,
agradecer o passado que não posso mudar e ja foi presente,
viver no presente que nunca é aqui
esperar o futuro que nunca sei se há de vir.