Prefiro o termo Evolução, ao termo Darwinismo


Pessoalmente não gosto do termo Darwinismo, para uso comum, no lugar do termo evolução. Quero deixar claro que sou um evolucionista ferrenho, que adoro Darwin, que respeito toda a sua criação, sua coragem, sua perspicácia, e sua brilhante leitura do como, de um estado sem vida, pudemos chegar ao estado de variedade enorme desta mesma vida. Então porque minha certa defesa quanto ao uso corriqueiro do termo darwinismo?
 
Darwin desfiou brilhantemente como, de forma meramente natural, a biologia e em especial as formas de vida EVOLUEM. Ele definiu muitíssimo bem a evolução, como um simples erro de cópia, que permite manter a vida, e que leva a alguma especialização, mínima que seja, mas que permite a natureza de forma tranquila, sem necessidade de dedo externo, selecionar aquelas variações que possibilitaram deixar maior número de descendentes, assim, a evolução “natural” ocorre normalmente a passos muito lentos. Esta é uma definição, me perdoem, de forma simplista, da evolução natural percebida brilhantemente por Darwin. Mas será que toda a evolução ocorre assim?
 
Sinceramente entendo que não, e nem por isto deixa de ser evolução, mas quando utilizamos o termo darwinismo, pessoas mal intencionadas, em defesa de seus interesses filosófico-religiosos acabam crescendo contra esta definição por sua pureza e simplicidade. Algum desenvolvimento da estrutura genética, sucessiva, não deixa de ser evolução, pois que de forma natural permitiu variações, especializações e maior número de descendentes, mesmo quando ela ocorre por simbiose, por seleção sexual, por seleção artificial (e nós somos muito bons em fazer isto, tanto a nível vegetal, quanto mesmo animal, e quem sabe até em outros reinos que eu desconheça sua utilização), onde até mesmo a lentidão natural do processo pode ser violada em alguns momentos e mesmo assim continuar sendo evolução. Neste último exemplo, a evolução bacteriana que permite resistência aos antibióticos, onde um único erro de cópia pode, e muitas vezes tem dado, origem a descendentes resistentes, imunes, ao antibiótico, e assim levando a infecções cada vez mais resistentes, não ocorre de forma tão lenta, mas mesmo assim é evolução. Algumas vezes erros de cópia inertes, neutros do ponto de vista de variação, podem se acumular e em um novo momento, por um simples novo erro de cópia, gerar uma evolução mais forte do que a evolução passo a passo tende a levar, e mesmo assim continuará sendo evolução. Pode ser que em caso de algum cataclismo (como o antibiótico o é para as bactérias) uma destruição em massa, acentuada, de uma espécie, pode ser salva por uma cópia que normalmente não teria lugar algum naquele grupo, e uma variação seja assim selecionada de forma muito mais rápida. Se amanhã for descoberta uma nova forma de variação e seleção, ainda assim será evolução. A droga é que a seleção artificial pode levar a uma espécie, não a mais bem adaptada ao meio, mas sim a uma espécie frágil somente porque nos agrada. A engenharia genética, por meios virais ou mesmo via nano tecnologia, pode levar a um ser que de forma natural jamais seria selecionado, mas ainda assim é evolução. Não tenho tanta certeza se poderei qualificar de evolução, quando a tecnologia nos levar a humanoides quase completos, onde apenas o cérebro seja biológico, ou mesmo quando até o cérebro seja um “mix” de biologia e tecnologia humana. Como definir este passo? Será ainda evolução? Pior ainda, quando a tecnologia, se não nos destruirmos antes, permitir algo como o “download” de nossa mente para algum circuito eletrônico, ou quântico, e passarmos a existir como robôs completos, máquinas que realizem o nosso existir. Mesmo assim a tecnologia caminhará e cada vez mais teremos mentes robóticas realizando existências cada vez mais diferenciadas, e em alguns casos mais poderosas. Será que ainda assim poderei chamar de evolução?
 
Por tudo que foi dito acima, a evolução nunca busca a melhoria ou a perfeição, ela busca simplesmente o ser vivo melhor adaptado a deixar maiores descendentes.

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 16/10/2013
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