nos desencontros

ah, se eu pudera.

apenas viveria em meu jardim, este meu mundo seria o brilho

a vida seria ali e nele seria importante o fragmento que vive de mim

meus valores seriam de fato sensatos

e meu amor, ah o amor...

tanto o que o faz, este amor...valeria para algo tão simples

todo meu desejo seria atendido, e nele, atender seria não a mim,

seria fazer feliz a quem simples amo.

são (des) entrelaços da vida.

onde machucamos e damos desamor, talvez sejamos indiferentes, ou se quer, possamos ser capazes de se fazer ver aquém, ou se fazer ser visto como se sente.

é difícil sim. não nego.

tanto quanto dói.

ver distante tudo aquilo que mais desejaria estar perto.

consolando me fazendo distante

pois não desejo estar tão perto de mim

meu jardim parece seco, não há quase vida.

e tudo lá fora, é um amargo, por valor e merecimento

de meu verde plantado.

fora eu. mesmo que não tão bela ou viçosa.

mas meu vital batia ali. e as raízes que me fizeram

fora lá, todo sentimento vivido e sentido

foi bem ali, que nasceste e me destruirá

morri com meu jardim, não.

velei o meu bem.

jamais verá o mesmo cheiro lá fora.

este, que se modifica apagando-se a cada vento

cortante, arranca cada dia folhas, estas que seguro.

choro, em movimentos, coloco-as em pensar de volta, em vão.

como-se não querendo, como se não ouvisse ou vessem.

pedaços de coração caindo, vidros que inteiros vibrantes,

agora cortam e sangram, por onde passam com a brisa.

a chuva de lágrimas, rega sementes inocentes que vivem neste chão.

tudo lembra sofrer, ao tempo que não permite-me além,

apenas amar os frutos de uma vida que assim se fez.

meu jardim floresce, passando estranhos curiosos

uns admiram , outros apenas notam ou querem entrar.

cada tragada deste no ar, parece um desrespeito,

a vida que eu passara.

podem ver a linda árvore, que vive teus dias

em natureza passando, aguardando o processo

como tudo que nasce morre e nasce.

em cada grão de terra, há saudade, há vida.

houve tão intensa guerra e estrelas assistindo o amor.

minha história. como tantas.

como jardins..

como muitos, que apenas se encontram com seus espíritos pensando

a vida é o que ela é, cheia de contos. destrates e amor.

tudo que vivo, é um ser, alheio...colhendo

lutando e sorrindo a cada tempo, em cortesia ao próximo.

sentida, por cada vez mais, tão repletos de seres,

nos sentirmos sós em nós mesmos.

em meio a tudo que vivemos, os vidros ainda inteiros

sente cada pó do desfeito, um coração.

nossos pensamentos, vão assim se alimentando

em ciclos se desfazendo criando...

não deixo partir, por tudo e um ínfimo perdido meu

o meu fora de meu corpo, mas que aqui se fez.

pode-se recobrir tudo. mas mesmo com o devastar da natureza,

que aqui faça uma humanidade inteira, mas, como em muitas,

ficarão vestígios de cada um de nós,

cada pedaço de ser nosso em um grão desta terra.

lar...

onde muitos de nós, jamais nos encontraremos.