Ainda me lembro...

Ainda me lembro com total clareza. Lembro que a chuva caía de mansinho na vidraça da janela e que vez ou outra o vento soprava mais forte para garantir o seu lugar naquele cenário. Lembro dos meus olhos fixos em um ponto qualquer como se ainda esperassem que algo (ou alguém) fosse surgir no meio da chuva retornando ao lugar de onde jamais deveria ter saído. Lembro que as horas seguiam impiedosas e que cada minuto que passava me levava cada vez mais para longe. Me lembro bem, muito bem do silêncio que preenchia essa casa, um silêncio repleto de significados e que fazia questão de grita-los para que somente eu os pudesse ouvir. Lembro que a chuva começou a cair mais forte e sem que eu pudesse me dar conta, o vento soprava de leve e secava as lágrimas que caiam do meu rosto...Sim, eu lembro. Meus olhos ainda fixos lá fora como se a chuva fosse o único obstáculo que o impedia de chegar até mim. A chuva cessou, não havia mais nada que o impedisse de chegar até aqui, mas estava vazio lá fora, havia somente o silêncio que aos poucos tomou o lugar da esperança e da certeza de que você voltaria... Ainda lembro. As horas se arrastando, o vento, a chuva, o silêncio, fiéis companheiros de uma espera que parece nunca ter fim....

Débora Brandão
Enviado por Débora Brandão em 16/10/2013
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