RELEVO DO CERNE
Adornem-me, pássaros auspiciosos, o distante olhar a atar ermos,
que me sinto ilha nas veredas do esquálido tecido,
onde depõem espinhos pelos caminhos alfarrábios
e cingem flores entre os céus vazios das estações.
Não sei mais versejar rimas pálidas,
aspergir incensos a pedras frias,
vicejar momentos em cortejos lumes,
enredar gestos em enlevos simétricos,
celebrar redenções em porvires condenados.
Amainem-me, pois, as feridas das vísceras pusilânimes
com vossas retumbantes sílabas osgarmáticas
a carpirem ebúrneos jardins em misteriosas quimeras,
que grande devastação há no vazio silente
de minha lucidez naufragada.
Que em minha tempestade insone,
nem sei mais suavizar o pouso
de minha alma ferida.
Péricles Alves de Oliveira