E vejo por aí,

esses homens armados de ideologias,

pregando aos tortos e aos direitos

suas demagogias,

em uma transloucada pseudo-democracia,

criando mitos sobre si,

lendas de suas façanhas,

mentindo e crendo-se portadores da verdade.

Sei que estou diante de um pesadelo,

de um destino pior que a morte:

o próprio inferno ardendo-se na vida.

Não se foge desse calabouço,

a não ser que se faça a viagem que liberta:

aquela  em que se mergulha para dentro,

fazendo nascer,

em si e para si a alegria de descobrir o que se é,

por que e para que se está aqui.

Essa é a viagem que compensa,

a luta que liberta,

e as asas que nos farão voar para longe

desses homens e de suas correntes

de ego, luxúria e vaidade.

Aos homens do meu tempo,

deixo,

como marco de minha passagem,

o vento que segue o bater de minhas asas

rumo aos altiplanos do existir...