VIDA LÍQUIDA
Todos devem ter percebido como as coisas andam depressa
Ignoro todavia o rumo que tomam/ não me venham com antigas teleologias.
Como as coisas coisam hoje?
Envelhecem da noite para o dia
Aborrecem num pisca de olhos/
Desaparecem num abrir de bocas
E já vêm outras/ incontinenti ocupar a posição das que se desvanecem
Eu percebo que demasiado fiquei parado
Demasiado lento carrego coisas pesadas
Mas o que interessa a ponderabilidade frente à leveza do célere?
O jornal de domingo sai no sábado
para que não percamos tempo com hoje
Lotam as salas e os e-mails de astrólogos e bruxos
Pessoas que não querem perder o ritmo
Ritmo de maquinas
O peso do que se ganha frente à televisão
Se perde nas ginásticas e nas fórmulas mágicas
O peso de não ver os filhos
Se enlevesse aos domingos
Domingo sem noticias
Por que os jornais de domingo falam do sábado
e os da segunda falam das terças
Domingo é a missa da massa
Maçante domingo Porque as pessoas não querem ficar paradas