O presente que não dei.
Organizando os meus livros, percebo um mini box empoeirado e com algumas teias de aranha.São três livros da célebre autora Agatha Christie, iria presenteá-los a um “amigo”.
Nunca fui de dar coisas materiais às pessoas, e quando o faço, sempre procuro escrever algo. Dizer o que vem de dentro do meu coração, é o maior tesouro que posso dar a alguém, mas nesse caso em especial, fiz questão de comprar estes livros assim que os vi, achei que seriam importantes e que de alguma maneira quem os recebesse não iria me esquecer. Não era aniversário. Não era natal. Não era nenhuma data comemorativa, e eu simplesmente fui lá e PLIM.
Agatha é uma das escritoras preferidas desse meu “amigo”, nos distanciamos e nunca pude dar-lhe o presente. Agora estão aqui jogados num canto qualquer somente as aranhas o utilizaram para fazer morada.
Confesso que os manuseei, uma única vez, quando decidi que não iria mais entregá-los. De alguma maneira senti que iria parecer meio boba se o fizesse, o presente representava mais para mim que para quem o receberia.
Foi aí que decidi lê-los.
Comecei por “O natal de Poirot” foi nele que escrevi a dedicatória. Sim, havia uma dedicatória:
“Uma pequena lembrança para você nunca mais ter que pegar livros da biblioteca municipal!!!”
Não fui além da página 12. Era como se o livro estivesse me rejeitado, não me queria como leitora, desejava seu dono e não eu. Senti como se estivesse roubando aquelas palavras, como se aqueles escritos fossem proibidos e eu nunca, jamais, em hipótese alguma pudesse lê-los. Não consegui ir adiante e desde então eles estão guardados.
Hoje os abri de novo, mas eles continuam não pertencendo a mim acho pouco provável que um dia cheguem ao seu alvo, talvez os dê a outra pessoa ou talvez os jogue fora, por ora irão continuar aqui guardados, intocáveis.