A vida é um sonho?
Memórias e sonhos manifestam-se numa experiência fenomenológica que me confundem entre os limites das lembranças, vigília e o mundo onírico, pois, ideias, sonhos, memórias e experiências vívidas transformaram-se numa só e mesma coisa. Elevei-me aos limites da loucura e observei minha vida de uma perspectiva maior além da vida e dos sonhos, e notei como a vida se desenrola como num livro; a vigília caracteriza-se pela contínua experiência dos acontecimentos, onde vamos lendo as páginas seguindo linearmente, a leitura seguida dessas páginas é aquilo a que se chama a vida real; e então o tempo a que se passa a habitual leitura(o dia) passou e chegou a hora do repouso, continuamos a folhear negligentemente o livro, abrindo-o ao acaso, tanto numa página já lida como sobre uma que não conhecemos; mas é sempre o mesmo livro que lemos.
Se nos colocamos num ponto superior ao sonho e à vida, cada sonho tomado em si apresenta a mesma lei que estamos ligados; a lei da casualidade; Assim, os sonhos isolados distinguem-se da vida real na medida em que não entram na continuidade da experiência que se prossegue através da vida, e é o despertar que mostra esta diferença. E eu vi, com olhos arregalados, toda a vida manifestar em sonhos longos e passageiros, e em sua natureza íntima não encontrei nenhum caráter que o distingua claramente.
Como dizia Shakespeare: Somos feitos da matéria de que são tecidos os sonhos e a nossa vida tão curta tem por fronteira um sonho.
Seria à morte o despertar? E quando o derradeiro dia chegar lembraremos desta vida como simples lapsos de memórias sem duração de tempo prolongada, pois enquanto mergulhados no mundo dos sonhos temos a ciência da duração dos acontecimentos, e apenas ao despertamos é que organizamos tudo de forma incoerente como se tudo tivesse acontecido num só instante sem duração de tempo. Será à vida um sonho dentro de vários outros sonhos para todo o sempre?