UMA PÁGINA EM BRANCO

Às vezes já não existem páginas...

Já não existe aquele espaço para escrever o pensamento,

acontece sempre naquele tempo surreal onde nunca esperamos que, aconteça a vontade da escrita. E páginas?

Esta está escrita, esta também...

O tempo não escolhe vontades,

embora as vontades também não escolham o tempo,

ele emerge no aparecer longínquo e desejado,

em uma folha de papel Branca vazia.

O ideal ou o desconhecido sentem a presença do vicio do pensamento,

onde resolve sair do principio e se vai desfazendo no desabafo de cada sentir.

Hoje só nadas me tocam,

embora tenha andado cheio com o meu dia-a-dia de trabalho

onde o baralho continua, daí o ligeiro cansaço do parecer em pensamento.

A minha vontade,

a que escolhi ao acaso passando por linhas onde tudo penso,

tudo escrevo e nada digo.

Prendo a leitura indesejada que um pensamento poderá ter,

como uma tirania antes de aparecer,

criando no pensar que uma folha em branco me levou até ao fim.

Apanho o nada do meu desabafo mesmo antes de adormecer,

vigiando o vicio daquele espaço surreal,

onde a vontade alimenta o ser

e uma página acaba por existir...

Nuno V Godinho

set/2013