JEAN PAUL SARTRE E O PARADOSO BESTIAL
(Em breves palavras ursas)

Sinto que em nós, neordentais sapiens,
há um filtro pelo qual tudo que passa
está fatalmente direcionado pelo ego,
e a ele limitado em sua capacidade de criar
gêneses segundo sua própria senciência.

É provável, pois, que tenhamos de conviver
com a inconsciência de que somos anomalias,
a navegar entre nossos próprios céus e infernos,
atribuindo-os a ursas criações exteriorizadas
em mitos e na irmandade renegada,
para alívios ou castigos do que somos.

E, se abnormais somos,
é provável que nossas escolhas
também o sejam.

E que nossos caminhares,
com faces ou máscaras,
também o sejam.

Percebo, então, o paradoxo bestial:
se criamos e inaurugramos,
estamos a violar naturezas
que não mais nos podem ser virgens.

Seríamos, portanto, responsáveis
por nossas escolhas incautas
da degenerada singularidade
de onde advimos,
ou nos impingimos tal poder
à convivência nos estereótipos sociológicos,
moldados também por nossas
razões sencientes?


E assim se comprova a apocrifia
das verdades construídas
sobre nossos pilares humanizados.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 04/10/2013
Reeditado em 04/10/2013
Código do texto: T4511215
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