JEAN PAUL SARTRE E O PARADOSO BESTIAL
(Em breves palavras ursas)
(Em breves palavras ursas)
Sinto que em nós, neordentais sapiens,
há um filtro pelo qual tudo que passa
está fatalmente direcionado pelo ego,
e a ele limitado em sua capacidade de criar
gêneses segundo sua própria senciência.
É provável, pois, que tenhamos de conviver
com a inconsciência de que somos anomalias,
a navegar entre nossos próprios céus e infernos,
atribuindo-os a ursas criações exteriorizadas
em mitos e na irmandade renegada,
para alívios ou castigos do que somos.
E, se abnormais somos,
é provável que nossas escolhas
também o sejam.
E que nossos caminhares,
com faces ou máscaras,
também o sejam.
Percebo, então, o paradoxo bestial:
se criamos e inaurugramos,
estamos a violar naturezas
que não mais nos podem ser virgens.
Seríamos, portanto, responsáveis
por nossas escolhas incautas
da degenerada singularidade
de onde advimos,
ou nos impingimos tal poder
à convivência nos estereótipos sociológicos,
moldados também por nossas
razões sencientes?
E assim se comprova a apocrifia
das verdades construídas
sobre nossos pilares humanizados.
Péricles Alves de Oliveira