Fora do Eixo
Alguma coisa fora do eixo.
Do meu eixo que já é tão fora do eixo do Mundo.
Alguma coisa me acertou o queixo,
E eu nesse balançar para não beijar afetuosamente a lona.
É vida nesse deixa que eu deixo, esse bate e rebate, esse vai e volta.
O sacolejo em mim vem de fora para dentro, e sem delimitar espaço invade minhas direções.
Quantas oposições, quantas degenerações, quantas são minhas orações?.
Cada palavra é sentença, é minha cabeça espetada num pedaço de madeira moral.
Decretos, provenientes da Ilha de Creta, do decrépito ato de estabelecer padrão. Presente Grego da contra-adição.
E eu que já não sei mais olhar para dentro do espelho, reconfiguro minhas ambições, minhas omissões, minhas combinações.
Meu eixo, tão em mim desleixado, revoga agora os meus melhores sorrisos, e o que posso fazer é atender minhas reivindicações particulares.
É ir, e sorrir para a vida, é abrir espaço entre os caminhos embaraçados.
Sem lonas, e sem dor no queixo, porque seja lá qual foi o balaço que me atingiu, respiro e permaneço, em pé.
Porque a realidade é que meus eixos são caminhos próprios, invalidados por serem construídos fora do eixo do Mundo, e assim prefiro.
Charlene Angelim.