Muralhas
E quando o fim se aproximava foi quando ela parou e se perguntou “será que eu realmente consigo?”. Se fosse pra responder honestamente, ela diria “não, é impossível”.
Ela estava presa no meio de quatro grandes muralharas. Uma de 12,2 metros, outra de 9 metros, a terceira de 8,8 metros e a última e um pouco menor, mas não menos difícil de ser escalada ou derrubada de 8,7 metros.
Ali, tão pequena, ela olhava pras quatro muralhas e sentia que seu coração ia explodir de tanto aperto. Lágrimas começavam a brotar e ela não sabia por onde começar. Nessas horas vozes começavam a surgir, vozes femininas que expressavam vergonha e desprezo por ela ter se metido naquela situação e agora não saber como sair; vozes masculinas que ora mostravam superioridade, ora vergonha, ora tentavam ajudar.
“Se você tentar todos os dias, pelo menos um pouco, você consegue derruba-las”, lhe diziam às vezes, mas ela já estava sem forças. Saber que todos os seus planos estavam além daquelas muralhas e que talvez ela não conseguisse ultrapassá-las só piorava tudo!
Mas ela precisava conseguir. Então se levantou, enxugou as lágrimas, ignorou qualquer voz – até porque ninguém venceria as etapas de sua vida por ela e muitas vezes quem opinava nem ao menos a entendia – e se pôs a trabalhar para derrubar aquelas muralhas.
Pelo menos se não conseguisse poderia dizer que não tinha desistido.