Lua

Acho incrível o poder que a noite tem, a vocação em iluminar do escuro. Ó escuridão, que clareia meus pensamentos antes tão deturpados, és a mesma que, ardilosa, confunde os transeuntes e encoberta malfeitores.

Ó breu, que permite que a lua brilhe onipotente, permita também a mim encontrá-lo de novo. Encontrar-me absorto em meu próprio devaneio de novo. Só mais uma vez.

Que cada estrela seja algo tão meu. Eu, lua, tão grande alva nua só e tua, no meio das sombras, do breu, da escuridão completa absorta do mais absoluto nada e do meu tudo agora.

Ó louca insônia, já não quero mais dormir. Já não quero acordar.

O mundo real é tão pior que este agora ou aquele de outrora.

Aquela que hoje já não mais existe

Aliás, será que há algo de real neste momento agora?

Algo palpável além das pesadas pálpebras pulsantes?

Aurora, noite, breu, brilho, eu quiçá...