A "PARTITURA" DA VIDA

ENQUANTO escrevo este pensamento, assisto a um concerto musical esplêndido em que um dos mais hábeis pianistas do mundo, um chinês chamado Lang Lang, desliza seus dedos pelo piano com impressionante perícia, produzindo um som agradabilíssimo aos ouvidos. Sua precisão em dedilhar as notas exatas ilustra algo interessante. Indubitavelmente, o espetáculo não seria o mesmo se este pianista deixasse de reconhecer a inequívoca necessidade de treinamento, disciplina e estrita aderência ao realizar a dinâmica leitura da partitura - específica à música que ele toca - e assim, segui-la à risca, com notável paixão e entusiasmo.

Imagine se o pianista simplesmente se sentasse defronte ao piano com a ideia de que poderia movimentar seus dedos de qualquer maneira, pressionar qualquer tecla, em qualquer ritmo, ao sabor do seu próprio gosto ou instantânea preferência pessoal. O resultado não seria uma harmônica e complexa melodia, mas sim um conjunto de ruídos destoantes lançados a esmo pelos ares; um confuso farfalhar de inconstanciabilidade, sem qualquer coerência, beleza ou cativante sonoridade.

A necessidade de haver uma partitura específica e exata, correspondente à musica escolhida, ilustra a necessidade de existir uma “partitura” existencial que sirva de guia para os nossos atos nesta vida, ou seja, uma verdade confiável, uma coletânea de princípios orientadores que não dão margem para que a nossa experiência nesta Terra seja de qualquer jeito, com qualquer “ritmo”, ditada por quaisquer valores, ao simples sabor de nossos fugazes desejos momentâneos...

De modo que a competente habilidade em “ler”, ou seguir, a chamada “partitura da vida” (assim poderíamos muito bem comparar o magno livro da existência, a Bíblia) e tocar as precisas “notas”, no compasso correto e em bela harmonia com a divina melodia escolhida - ou seja, de acordo com o modo de vida que o Criador amorosamente intenciona para nós -, com certeza farão com que o consequente “som” de nossas vivências seja um espetáculo agradabilíssimo, tanto a nós mesmos como para aqueles que nos escutam...