Rotina

E se quando você chegar, sentar ao meu lado e desviar o olhar, perdoarei, se ao menos for para notar as mudanças da nossa sala de estar, ou os acordes que há de ensaiar para afinar com a minha voz, embalar o nosso filho, falar sobre nós. E que tal treinar aquela sinfonia, que me inebria, só não mais que o teu olhar, tão brilhante quanto o mar e tão versátil quanto o céu, claro e escuro, majestoso. Por que não discutir o nosso amor, o quanto somos ausentes, amantes, perenes e o quanto nos desconhecemos, somos rasos, faltosos, escassos. Vamos falar sobre você, sobre mim, sobre como é viver, quero um papo sincero, quero que me olhe nos olhos e esqueça do mundo, quero que pegue minhas mãos e fale, diga tudo que tem para dizer, sem virgulas, sem porquês. Podiamos ensaiar um reencontro, um novo começo, um bem estar, sinto que não te conheço, que estamos no escuro buscando nos encontrar. Estranho essa mania de acordar todo dia e nos encarar, olhos nos olhos, sorrisos de ternura, abraço com cheirinho e tchau para acabar. A noite chega, você entra pela porta, senta ao meu lado e desvia o olhar, perdoarei, se for, ao menos para olhar, dentro de nós.

FauS
Enviado por FauS em 17/09/2013
Código do texto: T4486437
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