Abstinência
Hoje fui tomado pela agonia do ser EU...
Apeguei-me às memórias mais obscuras.
As quais alimentam minha ânsia por desprender-me da carne
A vontade de ser alma tornou-se mais forte.
Senti meu coração ser perfurado pelos espinhos de meus sentimentos
Mais íntimos, revelado a poucos.
Juro que me senti no direito de chorar, mas não o fiz.
Meus pulmões encheram-se de grito
Mas meus lábios permitiram apenas um suspiro
Sinto um amargor na língua que custa a sair
Será que o ser alma é chorar, gritar enfim.
Fazer tudo que nossos corpos não permitem
Por mero luxo de compostura?
Se isso realmente for se libertar da carne
Meu desejo tende a crescer.
Será que este amargo vai me acompanhar até em outros mundos?
Nesta trágica e cinzenta manhã de domingo
Eu ainda custo ter respostas.
E meu anjo guardião não decide
Entre a flecha dourada do amor
Ou a flecha negra da libertação