Toques
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Em tese, os limitadores do espaço-tempo podem impedir o toque. Entretanto, há toques verbais, 'toques' de almas e de sentimentos que, se bem explorados e sentidos, superam muitas relações onde a materialidade não foi suficiente na dinâmica das trocas corporais. O excitamento da alma não está no toque efetivo da pele; a alma se excita quando o que se escuta e/ou se lê provoca dentro dela, transcendendo a percepção do senso comum, vibrações e 'pulsares' tão intensos que há desmaios, apesar da distância. O que desliga o 'neurônio' da tangibilidade é a capacidade do desprendimento e da criação de realidades fora do corpóreo. Por isso que se pode amar sem se ter; que se pode ter sem sentir... E pode haver plenitude, mesmo na ausência. O que se busca? A insondável felicidade ou a felicidade do instante, o estalo do completar-se no outro, embora na solidão evasiva da cama quase vazia? Buscamos, isso é humano, a coabitação de saberes, de valores, de crenças e de liberdades para, a partir das nossas experiências, aceitarmos as limitações dos outros e prosseguirmos, sem pressa, rumo ao previsível fim, pois a vida é finda, mas, apesar da finitude, podemos ser eternos a cada instante.
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