Pág 21 e 22 do livro "Deslocamentos... Consciência... Loucura... Em trinta e cinco minutos...
Alcancei para ela sem nada dizer um pedaço de papel, uma citação a um mor ilusionista transcendental futurista padecendo pelo vírus mortal, sem cura do apedeutismo primitivista, com certeza morreria após a extrema-unção da pedagoga, mas como num último alento de lucidez o pedaço de papel voa-lhe das mãos saindo pela janela aberta da sala, e como num silêncio fúnebre acompanhamos a folha no seu ritual de liberdade .
Não havia mais tempo, não havia mais prazo, não havia mais nada, somente um vazio eterno tingindo as paredes brancas, goticulando do teto o sangue verde do renascentismo ...
Não eram necessário palavras, e a ambidestra com a caneta rasgava o solo branco da página, semeando a nota final do meu ano letivo .
Volto a peregrinar pelos corredores já não tão estreitos, já não tão longos, e cruzo por uma conhecida vestida de Gioconda, e outro como o homem com luva de Ticiano, citações do livro Terra de Stefano Benni, num cartaz de procurado, encontra-se a fotografia computadorizada de Nicolo Cossa pai do Papa João XXIII que fugira do livro Terremoto em Roma de Richard Condom, teriam outros também fugidos ?
Ou libertos pela imaginação vândala dos símios temporais da nossa época ?
Ao sair, sinto o sol espremendo a minha face, arrancando de minha testa o suco de meu corpo, a cada passo escorre inaproveitável para a minha sede, metamorfoseio-me de pedra e fico horas estagnado embaixo de uma árvore e antes mesmo de servir de assento para uma jovem cansada, fui escalado por formigas guerreiras, e senti a leveza de uma borboleta que pousara descansadamente batendo suas asas três vezes antes do próximo voou