Com medo do mundo


Com medo do mundo, tenho medo de mim mesmo. De pé, como que esperando uma revanche, que nunca chega, que não é por aí, que nunca vai chegar, pois que a transformação se faz por atitudes e não por espera, se faz por amor a uma causa e não necessariamente por ódio a coisa alguma.
Prisioneiro da mesmice que poda nossas ações, que anestesia nosso revoltar, que se opõe a nós mesmos, sendo senhora do que aqui está, me perco na busca venal por uma felicidade falsa e impossível pois que sem o todo jamais algum ser humano encontrará alguma verdadeira felicidade. Como ser feliz enquanto crianças sofrerem.. Não há nada para compartilhar, pois que já compartilho a desumanidade da omissão, da desculpa de que não somos culpados, da inação do nada poder fazer, da falácia de que nem tudo é tão repugnante como os alarmistas apregoam acerca dos miseráveis.
Armados com o horror fraterno daqueles que vendem a salvação na falsa esperança de que a fé haverá de transformar os homens, acabamos, muitos e nós, infelizmente aqueles de coração mais humilde e ingênuo, nos silenciando em nome de salvaguardar o que temos e que acreditamos merecer, e varremos para o sótão escuro e abandonado qualquer coragem de nos expor, na covardia bem dita da esperança maldita. Não sou diferente, ou pelo menos não sou muito diferente, pois que o que faço é quase nada frente ao que deveria ser realmente e humanamente feito. Estado, política, economia, religiões e ordens maléficas seculares se misturam para nos inebriar com oportunidades iguais que são todas elas tremendamente desiguais. Somos assim seres livres em nossa própria submissão pelo que alcançamos e pelo que podemos ainda alcançar, e aqueles que mais se locupletam do poder político-econômico, mais ainda se agarram em seus interesses, fazendo com que muitos de nós acredite que são nossos interesses.
 
Somos, quase todos, animais mal preparados para a sociedade devastadora que criamos, onde aqueles que melhor mentem, que se escondem por detrás de máscaras de amor, apenas saboreiam seus próprios interesses as nossa custas, as custas de nossa fraqueza, medo e omissão, e por fim ainda faz-nos crer que basta falar, basta votar, basta acreditar que as transformações ocorrerão naturalmente.
 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 08/09/2013
Reeditado em 08/09/2013
Código do texto: T4473124
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.