O conhecimento científico ainda intimida
É incrível como em pleno 2013 o conhecimento científico ainda é algo que assusta, que parece ser coisa de “maluco”, que intimida, que parece coisa de quem quer minimizar, macular ou ridicularizar ensinos religiosos, ou diminuir afirmações reveladas na própria bíblia, ou então que tende a ofender a “humanidade” de muitos de nós. Olha que não estou falando de conhecimentos científicos avançados ou de ponta, não falo do estado da arte da ciência de ponta nos estudos científicos, que são sim, muitos destes, contra intuitivos, complexos, e que parecem muitas vezes quase ficção científica. Como é triste ver pessoas que sem saberem o que é ciência, falam abertamente de pseudociências, de crenças como se ciência fosse. Como me entristece ouvir repetidamente a asserção de que os cientistas possuem a mente fechada e por isso não conseguem ver ciência nas pseudociências, ou que perde tempo e dinheiro inventando coisas. Falo sim, de conhecimentos conceituais básicos.
Para começar muitos desconhecem o significado do que é fazer ciência. Ciência significa tão e somente conhecimento verdadeiro. Fazer ciência é tão somente, então, buscar o conhecimento objetivo e racional de algo, é buscar a realidade por de trás do fenômeno, é buscar entender os “porquês” e os “comos”, é poder provar e, mais importante ainda, é estar atento a sempre tentar refutar todo o conhecimento, mesmo aquele já estabelecido.
A verdade cientifica é pura, mas não é perfeita em si, sempre será algum nível de aproximação, de simplificação, pois que nossa mente é imperfeita e impotente para conseguir ser sensibilizada pela enorme complexidade dos estados e campos totais que compõem qualquer estado por si só.
Desta forma, a refutação, é algo maravilhoso, sempre que refutamos algo, estamos mais próximos de uma verdade mais completa. Assim, fazer ciência não é, nunca foi, e nunca será inventar nada, a ciência não inventa, nem cria nada, ela percebe, apreende, estuda, testa, refuta sempre que possível, e conceitua o que já existe, o que já aqui está, e nunca produz algo novo, a menos do conhecimento em si, do aprendizado e da conceituação formal que disponibiliza para outros cientistas poderem por sua vez refutar ou aceitar. Este é o grande filtro da ciência, nenhum novo conhecimento é admitido somente porque algum, por mais brilhante que seja, cientista algo formulou, ele terá que publicar seu estudo que deverá ter respaldo de pelo menos umas cinco outras pesquisas, e deve ser totalmente reproduzível por outros cientistas ou laboratórios. Se não o for não é ciência. Este filtro é maravilhoso, faz da ciência um campo dramático, muitas vezes quase nada sociável, pois que a vaidade de um cientista é ter seu nome atrelado a um novo conhecimento modelado, mas este é o de todos, e sempre existirão vários cientistas diferentes trabalhando em pesquisas afins, e se um faz uma publicação, os outros tentarão a princípio refutar sua modelagem, seus estudos, seus experimentos, para que sobre ainda chance para que os dele possam ser publicados. Enquanto refuto alguma publicação, aprendo um pouco mais e aplico este novo conhecimento em meus estudos. Um conhecimento científico está sempre aberto ao total escrutínio de todos os demais cientistas, será que é isto o que acontece com pseudociências ou com revelações?
Muitos também confundem ciência com tecnologia, isto mostra o absurdo do desconhecimento científico, posso fazer tecnologia sem ciência e posso também fazer ciência sem tecnologia. Enquanto ciência é o conhecimento, a tecnologia é a disponibilização, sim, de algo criado, inventado, para uso direto ou indireto pela sociedade. Estes mesmos que acham que ciência e tecnologia são a mesma coisa, não param para pensar, por que cargas d’agua teríamos um Ministério da Ciência e da Tecnologia, se ambos são a mesma coisa.
Este pessoal tem culpa? Não creio, se o têm é muito pequena. A culpa é do próprio sistema, que privilegia uma educação incompleta, não global, e não multidisciplinar em si. Por favor, não vão dizer que estou dizendo que a culpa seja dos professores, não o é, pelo menos não dos sérios e competentes que sabem a real e maravilhosa definição do que é realmente educar, mas infelizmente também é de alguns sim, que misturam abertamente crenças, com verdades científicas, que acabam assim sendo tendenciosos em seus ensinos, que podem inclusive distorcer conhecimentos ou omitir conhecimentos para defender suas crenças, mas a culpa em si é realmente do interesse politico-administrativo, que relega o estudo científico a mera aplicação de formulas e afins.
Mas porque cheguei a escrever isto tudo. Simplesmente porque uma simples pesquisa, levada a cabo nos Estados Unidos mais uma vez mostra abertamente a inconsistência do estudo cientifico. Olhe que estou falando dos EUA, e não de nenhum pais em desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvido. A pesquisa era simples. Você acredita no criacionismo? Apenas para nivelamento de conhecimentos, não devemos confundir o criacionismo com desenho inteligente. O desenho inteligente, ou o projeto acompanhado e inteligente afirma que a evolução ocorreu, mas que sempre e totalmente sob controle, intenção, acompanhamento e vontade de um deus Teísta. Este deus haveria criado um plano, um projeto, um design que pôs em curso e que levou direcionando conscientemente todo o longo caminhar da evolução. Este pensamento foi uma necessidade, porque o criacionismo em si já estava impossível de ser mantido por qualquer pessoa um pouco mais séria. O criacionismo afirma que aquele mesmo ser onipotente, um deus teísta, criou o homem de uma única tacada, e o fez a pouco mais de dez mil anos. Criou tudo exatamente como está, criou o dia e a noite, criou nossa terra, os animais que aqui estão, as plantas que hoje existem, e assim por diante. Mas a própria geologia já descartava esta assertiva, nossa terra possui mais de 4 bilhões de anos, e o que falar dos fosseis, eles são provas físicas de que outros animais, em número muito maior do que as espécies hoje viventes, existiram por aqui, e a muito mais tempo do que os dez mil anos, e também a muito mais tempo do que algum “último” fóssil “humano que existe. Os fosseis provam mais, provam que o próprio homem sofreu variações contínuas entre os fosseis, quanto mais antigos eles eram. Assim o design inteligente tenta dar uma mão de deus na evolução, mais é uma fuga necessária para o criacionismo, que era defendido ferrenhamente antes dele.
Mas vamos a pesquisa. Você acredita no criacionismo? Com todos os necessários absurdos que ela acarreta. Mas como muitos simplesmente desconhecem, ou se conhecem, são catequisados para não acreditarem, ou para dizer que é apenas uma questão de fé. Eu, sem ofender os mais ingênuos, digo que se você conscientemente conhece os absurdos que o criacionismo implica e afirma que é uma questão de fé, na verdade você esta sendo uma questão de fanatismo. Mas em pleno EUA, a pesquisa mostra que 48 por cento acreditam plenamente no criacionismo, contra 46 por cento em 1982, isso implica que mesmo com o desenho inteligente (também religioso), a crença no criacionismo cresceu. E o pior, em 1989 63 por cento dos americanos acreditavam que somos parcialmente culpados pelo aquecimento global, hoje este número reduziu para 58 por cento. Isso mostra bem a fraqueza do conhecimento científico e a força da catequese politico-religiosa. A diferença é que o sistema americano, apesar de manter na ignorância científica uma multidão de pessoas, sabe da importância do conhecimento científico, e investe firme, em uma minoria, neste estudo, não por mera boa fé, mas por necessidades de poder político, militar e para desenvolvimento de novas tecnologias. E no nosso Brasil? O sistema não investe no povo, e quase não investe também na ciência de ponta. Assim, acabo acompanhando nossos melhores cientistas, em seus estudos e pesquisas por publicações efetuadas no exterior.
Para que o criacionismo pudesse ser verdade, deus teria que ter sido maquiavélico na criação do mundo. Quando de sua criação, ele se viu obrigado a criar toda uma estrutura que justificasse a história geológica. Criou o homem e criou junto todos os fosseis de sua evolução. Criou a terra, e criou junto todo um passado sem necessidade, mas que justifica esta mesma história geológica e fez o mesmo para tudo desde o átomo, até ao cosmos. Mais ainda nos criou imperfeito, apesar de ser todo poderoso, como se afirma dela, simplesmente para justificar a história evolucionista como pano de fundo para sua criação.
O conhecimento científico me faz cada vez mais humilde, não prepotente como afirmam os religiosos, pois que entendo o quanto fraco, imperfeito e transitório sou. Será que esta mesma humildade é também produto de quem se acredita uma imagem e semelhança de algum deus.
A culpa não é desta multidão de seres que em sua ingenuidade e humanidade sinceramente creem num deus, de novo a culpa é do sistema que privilegia esta educação baseada em crenças, e mais ainda daqueles inescrupulosos que defendendo seus interesses defendem este estado de coisas.
Quanto mais aprendo, quanto mais conheço, mais certeza tenho que muito mais falta conhecer. O conhecimento científico é como...
Texto publicado em 03-10-2012 com o título “Conhecimento e ignorância”.
Quanto mais conheço, mais ignoro e em contra partida quanto mais percebo que ignoro, mais eu conheço.
Conhecemos muito. Cada vez mais conhecemos muito mais. Não falo de meu conhecimento pessoal, me referencio ao conhecimento coletivo. A curva do conhecimento cresce em proporções exponenciais. Nunca soubemos tanto e nunca imaginávamos que o conhecimento fosse capaz de avançar tanto e em tamanha velocidade. E olha que me refiro tão somente ao conhecimento científico ou natural, envolvendo todo e qualquer ramo científico, seja ele positivo (aquele que cremos saber como ativo) ou mesmo todo e qualquer conhecimento revelado por refutação (aquele conhecimento em que cremos ter conhecimento da verdade refutada, ou seja, dos erros conhecidos, posto que conhecer o errado ou o refutado também é conhecer).
Ignoramos muito. Cada vez mais ignoramos muito mais coisas. O universo do que cremos ignorar é cada vez maior. Não falo de minha ignorância pessoal, me referencio a ignorância coletiva e social. A curva da ignorância cresce em proporções exponenciais. Nunca ignoramos tanto e nunca imaginávamos que o desconhecido sobre o qual temos consciência de nossa ignorância fosse capaz de avançar tanto e em tamanha velocidade. E olha que me referencio tão somente a ignorância cientifica ou natural, aquela ignorância sobre a qual possuímos crença consciente de que deve existir algo que eu desconheço, não me refiro aquela abstração de que ignoramos tudo e qualquer coisa que sequer temos referência para ignorar, me foco tão somente na ignorância de algo sobre a qual tenho competência para perceber que algo está errado e que ignoro o porque, uma vez que determinado fato não se adere ao meu conhecimento positivo ou mesmo sobre o qual não consigo refutação concreta.
A princípio podem parecer incoerentes entre si minhas duas assertivas acima: Cada vez conhecemos mais, e cada vez mais ignoramos. Mas só posso conhecer quando tenho a consciência que ignoro, e só posso ignorar quando tenho a consciência que algo conheço. Se nada sei, tudo desconheço, pois que não possuo referência de verdade para validar minha ignorância, se não ignoro, não possuo a curiosidade e a capacidade de conhecer. Conhecer e ignorar não são antônimos diretos, pelo menos não no sentido que desejo colocar. O antônimo natural de conhecer é desconhecer, no sentido deste texto, e desconhecer não é sinônimo direto de ignorar. Ignorar não significa ignorar o infinito, o absurdo, o desconhecido absoluto. Desconheço tudo aquilo que não conheço, mas para ignorar necessito algum referencial de conhecimento. Somente posso ignorar quando deveria conhecer, tenho indícios lógicos, críticos e racionais para que algo eu conhecesse, mas ignoro sua lógica direta ou subjacente, ignoro suas leis, ignoro inclusive como refutar o que deveria conhecer e como provar experimentalmente ou teoricamente o que deveria conhecer. Tenho indícios, não desconheço assim totalmente, mas ignoro suas leis, suas teorias, sua imanência e finalmente ignoro sua verdade imanente que somente adquirirei quando refutar absolutamente, mas não possuo competência para tal.
Tentarei de forma teórica e pictórica, buscando uma analogia fictícia, demonstrar porque entendo que mesmo sempre mais conhecendo, mais ignoramos também.
Imaginemos uma pequena ilha e um mar absurdamente enorme a sua volta. Uma ilha incrustada numa infinidade de mar absoluto. A ilha faz fronteiras com o mar, e seu perímetro fronteiriço com o mar serve de divisão entre a ilha e o mar. Mesmo assim esta divisão não de dá, normalmente, de forma brusca, existe a praia, desde uma tranquila e rasa praia, até uma revoltosa e turbulenta praia, existe ainda o platô continental submerso que costeia toda a ilha e finalmente o mar aberto e profundo. Gostaria de convencê-los a uma abstração de simples percepção. Percebamos esta ilha como o conhecimento, e o mar como um “mix” inicial de nosso ignorar e depois do desconhecido mar aberto e profundo. Ainda de boa fé percebamos a ilha como uma ilha vulcânica, em constante crescimento, com terrenos acidentados, com areia movediça e tudo o mais, e sofrendo de constante turbulência geofísica, pois enormes vulcões lançam continuamente novos saberes e fazem a nossa ilha do conhecimento crescer e se renovar, muitas vezes à custa de traumáticas mudanças. Internamente, a ilha do saber sofre sucessivas transformações em seu solo (o conhecimento), e a superfície da ilha não para de crescer, pois as lavas de saberes são continuamente despejadas trazendo consigo revoluções de conhecimento, e novos saberes. A fronteira de nossa ilha com o mar do desconhecido dá início a área de nosso ignorar. Esta fronteira entre o conhecer de nossa ilha e o desconhecido absoluto do mar aberto é preenchida por áreas de ignorância que são as praias (calmas ou hostis) e a plataforma continental que rodeia nossa ilha, e assim, em uma espécie de degrade do conhecimento, vamos do solo firme do saber ao mais profundo mar aberto do desconhecido passando por indeléveis tonalidades do ignorar.
Como o conhecimento é uma ilha vulcânica ela cresce continuamente, e assim cresce o conhecimento, mas com este crescimento contínuo, cresce também o perímetro natural de nosso saber e assim a área de contato com nossa ignorância cresce junto. Maior área de nossa ilha significa maior perímetro total, e assim maior área de transição (margem flutuante) entre o que conhecemos e o que desconhecemos.
Espero que assim tenha conseguido me fazer entender quando sinceramente defendo a tese de que quanto mais conhecemos, mais também ignoramos.
É incrível como em pleno 2013 o conhecimento científico ainda é algo que assusta, que parece ser coisa de “maluco”, que intimida, que parece coisa de quem quer minimizar, macular ou ridicularizar ensinos religiosos, ou diminuir afirmações reveladas na própria bíblia, ou então que tende a ofender a “humanidade” de muitos de nós. Olha que não estou falando de conhecimentos científicos avançados ou de ponta, não falo do estado da arte da ciência de ponta nos estudos científicos, que são sim, muitos destes, contra intuitivos, complexos, e que parecem muitas vezes quase ficção científica. Como é triste ver pessoas que sem saberem o que é ciência, falam abertamente de pseudociências, de crenças como se ciência fosse. Como me entristece ouvir repetidamente a asserção de que os cientistas possuem a mente fechada e por isso não conseguem ver ciência nas pseudociências, ou que perde tempo e dinheiro inventando coisas. Falo sim, de conhecimentos conceituais básicos.
Para começar muitos desconhecem o significado do que é fazer ciência. Ciência significa tão e somente conhecimento verdadeiro. Fazer ciência é tão somente, então, buscar o conhecimento objetivo e racional de algo, é buscar a realidade por de trás do fenômeno, é buscar entender os “porquês” e os “comos”, é poder provar e, mais importante ainda, é estar atento a sempre tentar refutar todo o conhecimento, mesmo aquele já estabelecido.
A verdade cientifica é pura, mas não é perfeita em si, sempre será algum nível de aproximação, de simplificação, pois que nossa mente é imperfeita e impotente para conseguir ser sensibilizada pela enorme complexidade dos estados e campos totais que compõem qualquer estado por si só.
Desta forma, a refutação, é algo maravilhoso, sempre que refutamos algo, estamos mais próximos de uma verdade mais completa. Assim, fazer ciência não é, nunca foi, e nunca será inventar nada, a ciência não inventa, nem cria nada, ela percebe, apreende, estuda, testa, refuta sempre que possível, e conceitua o que já existe, o que já aqui está, e nunca produz algo novo, a menos do conhecimento em si, do aprendizado e da conceituação formal que disponibiliza para outros cientistas poderem por sua vez refutar ou aceitar. Este é o grande filtro da ciência, nenhum novo conhecimento é admitido somente porque algum, por mais brilhante que seja, cientista algo formulou, ele terá que publicar seu estudo que deverá ter respaldo de pelo menos umas cinco outras pesquisas, e deve ser totalmente reproduzível por outros cientistas ou laboratórios. Se não o for não é ciência. Este filtro é maravilhoso, faz da ciência um campo dramático, muitas vezes quase nada sociável, pois que a vaidade de um cientista é ter seu nome atrelado a um novo conhecimento modelado, mas este é o de todos, e sempre existirão vários cientistas diferentes trabalhando em pesquisas afins, e se um faz uma publicação, os outros tentarão a princípio refutar sua modelagem, seus estudos, seus experimentos, para que sobre ainda chance para que os dele possam ser publicados. Enquanto refuto alguma publicação, aprendo um pouco mais e aplico este novo conhecimento em meus estudos. Um conhecimento científico está sempre aberto ao total escrutínio de todos os demais cientistas, será que é isto o que acontece com pseudociências ou com revelações?
Muitos também confundem ciência com tecnologia, isto mostra o absurdo do desconhecimento científico, posso fazer tecnologia sem ciência e posso também fazer ciência sem tecnologia. Enquanto ciência é o conhecimento, a tecnologia é a disponibilização, sim, de algo criado, inventado, para uso direto ou indireto pela sociedade. Estes mesmos que acham que ciência e tecnologia são a mesma coisa, não param para pensar, por que cargas d’agua teríamos um Ministério da Ciência e da Tecnologia, se ambos são a mesma coisa.
Este pessoal tem culpa? Não creio, se o têm é muito pequena. A culpa é do próprio sistema, que privilegia uma educação incompleta, não global, e não multidisciplinar em si. Por favor, não vão dizer que estou dizendo que a culpa seja dos professores, não o é, pelo menos não dos sérios e competentes que sabem a real e maravilhosa definição do que é realmente educar, mas infelizmente também é de alguns sim, que misturam abertamente crenças, com verdades científicas, que acabam assim sendo tendenciosos em seus ensinos, que podem inclusive distorcer conhecimentos ou omitir conhecimentos para defender suas crenças, mas a culpa em si é realmente do interesse politico-administrativo, que relega o estudo científico a mera aplicação de formulas e afins.
Mas porque cheguei a escrever isto tudo. Simplesmente porque uma simples pesquisa, levada a cabo nos Estados Unidos mais uma vez mostra abertamente a inconsistência do estudo cientifico. Olhe que estou falando dos EUA, e não de nenhum pais em desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvido. A pesquisa era simples. Você acredita no criacionismo? Apenas para nivelamento de conhecimentos, não devemos confundir o criacionismo com desenho inteligente. O desenho inteligente, ou o projeto acompanhado e inteligente afirma que a evolução ocorreu, mas que sempre e totalmente sob controle, intenção, acompanhamento e vontade de um deus Teísta. Este deus haveria criado um plano, um projeto, um design que pôs em curso e que levou direcionando conscientemente todo o longo caminhar da evolução. Este pensamento foi uma necessidade, porque o criacionismo em si já estava impossível de ser mantido por qualquer pessoa um pouco mais séria. O criacionismo afirma que aquele mesmo ser onipotente, um deus teísta, criou o homem de uma única tacada, e o fez a pouco mais de dez mil anos. Criou tudo exatamente como está, criou o dia e a noite, criou nossa terra, os animais que aqui estão, as plantas que hoje existem, e assim por diante. Mas a própria geologia já descartava esta assertiva, nossa terra possui mais de 4 bilhões de anos, e o que falar dos fosseis, eles são provas físicas de que outros animais, em número muito maior do que as espécies hoje viventes, existiram por aqui, e a muito mais tempo do que os dez mil anos, e também a muito mais tempo do que algum “último” fóssil “humano que existe. Os fosseis provam mais, provam que o próprio homem sofreu variações contínuas entre os fosseis, quanto mais antigos eles eram. Assim o design inteligente tenta dar uma mão de deus na evolução, mais é uma fuga necessária para o criacionismo, que era defendido ferrenhamente antes dele.
Mas vamos a pesquisa. Você acredita no criacionismo? Com todos os necessários absurdos que ela acarreta. Mas como muitos simplesmente desconhecem, ou se conhecem, são catequisados para não acreditarem, ou para dizer que é apenas uma questão de fé. Eu, sem ofender os mais ingênuos, digo que se você conscientemente conhece os absurdos que o criacionismo implica e afirma que é uma questão de fé, na verdade você esta sendo uma questão de fanatismo. Mas em pleno EUA, a pesquisa mostra que 48 por cento acreditam plenamente no criacionismo, contra 46 por cento em 1982, isso implica que mesmo com o desenho inteligente (também religioso), a crença no criacionismo cresceu. E o pior, em 1989 63 por cento dos americanos acreditavam que somos parcialmente culpados pelo aquecimento global, hoje este número reduziu para 58 por cento. Isso mostra bem a fraqueza do conhecimento científico e a força da catequese politico-religiosa. A diferença é que o sistema americano, apesar de manter na ignorância científica uma multidão de pessoas, sabe da importância do conhecimento científico, e investe firme, em uma minoria, neste estudo, não por mera boa fé, mas por necessidades de poder político, militar e para desenvolvimento de novas tecnologias. E no nosso Brasil? O sistema não investe no povo, e quase não investe também na ciência de ponta. Assim, acabo acompanhando nossos melhores cientistas, em seus estudos e pesquisas por publicações efetuadas no exterior.
Para que o criacionismo pudesse ser verdade, deus teria que ter sido maquiavélico na criação do mundo. Quando de sua criação, ele se viu obrigado a criar toda uma estrutura que justificasse a história geológica. Criou o homem e criou junto todos os fosseis de sua evolução. Criou a terra, e criou junto todo um passado sem necessidade, mas que justifica esta mesma história geológica e fez o mesmo para tudo desde o átomo, até ao cosmos. Mais ainda nos criou imperfeito, apesar de ser todo poderoso, como se afirma dela, simplesmente para justificar a história evolucionista como pano de fundo para sua criação.
O conhecimento científico me faz cada vez mais humilde, não prepotente como afirmam os religiosos, pois que entendo o quanto fraco, imperfeito e transitório sou. Será que esta mesma humildade é também produto de quem se acredita uma imagem e semelhança de algum deus.
A culpa não é desta multidão de seres que em sua ingenuidade e humanidade sinceramente creem num deus, de novo a culpa é do sistema que privilegia esta educação baseada em crenças, e mais ainda daqueles inescrupulosos que defendendo seus interesses defendem este estado de coisas.
Quanto mais aprendo, quanto mais conheço, mais certeza tenho que muito mais falta conhecer. O conhecimento científico é como...
Texto publicado em 03-10-2012 com o título “Conhecimento e ignorância”.
Quanto mais conheço, mais ignoro e em contra partida quanto mais percebo que ignoro, mais eu conheço.
Conhecemos muito. Cada vez mais conhecemos muito mais. Não falo de meu conhecimento pessoal, me referencio ao conhecimento coletivo. A curva do conhecimento cresce em proporções exponenciais. Nunca soubemos tanto e nunca imaginávamos que o conhecimento fosse capaz de avançar tanto e em tamanha velocidade. E olha que me refiro tão somente ao conhecimento científico ou natural, envolvendo todo e qualquer ramo científico, seja ele positivo (aquele que cremos saber como ativo) ou mesmo todo e qualquer conhecimento revelado por refutação (aquele conhecimento em que cremos ter conhecimento da verdade refutada, ou seja, dos erros conhecidos, posto que conhecer o errado ou o refutado também é conhecer).
Ignoramos muito. Cada vez mais ignoramos muito mais coisas. O universo do que cremos ignorar é cada vez maior. Não falo de minha ignorância pessoal, me referencio a ignorância coletiva e social. A curva da ignorância cresce em proporções exponenciais. Nunca ignoramos tanto e nunca imaginávamos que o desconhecido sobre o qual temos consciência de nossa ignorância fosse capaz de avançar tanto e em tamanha velocidade. E olha que me referencio tão somente a ignorância cientifica ou natural, aquela ignorância sobre a qual possuímos crença consciente de que deve existir algo que eu desconheço, não me refiro aquela abstração de que ignoramos tudo e qualquer coisa que sequer temos referência para ignorar, me foco tão somente na ignorância de algo sobre a qual tenho competência para perceber que algo está errado e que ignoro o porque, uma vez que determinado fato não se adere ao meu conhecimento positivo ou mesmo sobre o qual não consigo refutação concreta.
A princípio podem parecer incoerentes entre si minhas duas assertivas acima: Cada vez conhecemos mais, e cada vez mais ignoramos. Mas só posso conhecer quando tenho a consciência que ignoro, e só posso ignorar quando tenho a consciência que algo conheço. Se nada sei, tudo desconheço, pois que não possuo referência de verdade para validar minha ignorância, se não ignoro, não possuo a curiosidade e a capacidade de conhecer. Conhecer e ignorar não são antônimos diretos, pelo menos não no sentido que desejo colocar. O antônimo natural de conhecer é desconhecer, no sentido deste texto, e desconhecer não é sinônimo direto de ignorar. Ignorar não significa ignorar o infinito, o absurdo, o desconhecido absoluto. Desconheço tudo aquilo que não conheço, mas para ignorar necessito algum referencial de conhecimento. Somente posso ignorar quando deveria conhecer, tenho indícios lógicos, críticos e racionais para que algo eu conhecesse, mas ignoro sua lógica direta ou subjacente, ignoro suas leis, ignoro inclusive como refutar o que deveria conhecer e como provar experimentalmente ou teoricamente o que deveria conhecer. Tenho indícios, não desconheço assim totalmente, mas ignoro suas leis, suas teorias, sua imanência e finalmente ignoro sua verdade imanente que somente adquirirei quando refutar absolutamente, mas não possuo competência para tal.
Tentarei de forma teórica e pictórica, buscando uma analogia fictícia, demonstrar porque entendo que mesmo sempre mais conhecendo, mais ignoramos também.
Imaginemos uma pequena ilha e um mar absurdamente enorme a sua volta. Uma ilha incrustada numa infinidade de mar absoluto. A ilha faz fronteiras com o mar, e seu perímetro fronteiriço com o mar serve de divisão entre a ilha e o mar. Mesmo assim esta divisão não de dá, normalmente, de forma brusca, existe a praia, desde uma tranquila e rasa praia, até uma revoltosa e turbulenta praia, existe ainda o platô continental submerso que costeia toda a ilha e finalmente o mar aberto e profundo. Gostaria de convencê-los a uma abstração de simples percepção. Percebamos esta ilha como o conhecimento, e o mar como um “mix” inicial de nosso ignorar e depois do desconhecido mar aberto e profundo. Ainda de boa fé percebamos a ilha como uma ilha vulcânica, em constante crescimento, com terrenos acidentados, com areia movediça e tudo o mais, e sofrendo de constante turbulência geofísica, pois enormes vulcões lançam continuamente novos saberes e fazem a nossa ilha do conhecimento crescer e se renovar, muitas vezes à custa de traumáticas mudanças. Internamente, a ilha do saber sofre sucessivas transformações em seu solo (o conhecimento), e a superfície da ilha não para de crescer, pois as lavas de saberes são continuamente despejadas trazendo consigo revoluções de conhecimento, e novos saberes. A fronteira de nossa ilha com o mar do desconhecido dá início a área de nosso ignorar. Esta fronteira entre o conhecer de nossa ilha e o desconhecido absoluto do mar aberto é preenchida por áreas de ignorância que são as praias (calmas ou hostis) e a plataforma continental que rodeia nossa ilha, e assim, em uma espécie de degrade do conhecimento, vamos do solo firme do saber ao mais profundo mar aberto do desconhecido passando por indeléveis tonalidades do ignorar.
Como o conhecimento é uma ilha vulcânica ela cresce continuamente, e assim cresce o conhecimento, mas com este crescimento contínuo, cresce também o perímetro natural de nosso saber e assim a área de contato com nossa ignorância cresce junto. Maior área de nossa ilha significa maior perímetro total, e assim maior área de transição (margem flutuante) entre o que conhecemos e o que desconhecemos.
Espero que assim tenha conseguido me fazer entender quando sinceramente defendo a tese de que quanto mais conhecemos, mais também ignoramos.