Eu (?)
Estas são palavras,
Palavras do vazio.
O vazio de meu ser.
Até poderia, e talvez devesse,
Parecer algo lúdico e poético,
Entretanto, não o é.
As palavras que aqui estão, são
Em absoluto,
Verdadeiras.
É a expressão máxima do meu ser,
É, talvez, o que me tornei.
Há muito busquei ser
O Melhor
E o Pior.
Entretanto, falhei.
Não que pudesse ser ambos,
Mas, apesar de saber, busquei
Tentei ao máximo ser,
Expressar o que sou.
Mas, mais uma vez, falhei.
Caminhando de forma recorrente,
Observei, de forma inocente(?),
O que realmente me tornei.
E vos garanto, não foi,
Nem distante,
O que desejava ser.
O sentimento que aqui me cobre, neste inoportuno momento,
É de um vazio, de extrema solidão,
Originário, talvez, da minha recorrente loucura.
Do meu relutante ser.
Daquele que sempre, e para o sempre,
Buscou ser, o que, já sabia, não ser.
A busca foi,
O contrário,
O oposto,
O paradoxo,
O exato oposto se materializou
Se tornou, tudo aquilo e além, do que jamais queria ser
É, agora, o mais infeliz.
A saudade, a dor, o receio, o rancor,
Tudo aquilo que sempre menosprezou,
Simplesmente se acumulou
E o vaso, cujo fundo parecia inalcançável,
Cujo nível jamais esperou chegar ao máximo,
Agora,
Transbordou.
Fora feito do pecado.
Fora fruto da insanidade.
Da loucura.
Era ele, era vós,
Era eu,
A personificação do que jamais quis ser.
Temo, há muito, mas sempre, para o sempre,
Busquei esquecer,
E agora, pelo acaso, pelo caso
Me conscientizei.
Infelizmente, talvez,
O tempo, em sua magnitude,
Cure tais feridas,
Alivie a minha dor,
Mude a minha loucura,
Mas deixe, com amor,
As cicatrizes,
As cicatrizes de alguém,
Que um dia,
Por um dia,
Você Foi.