DA BOCA DO ESTÔMAGO
É isso, de repente,
numa madrugada de horas contadas
para medicar o cãozinho tão frágil,
nem dormi na preocupação de perder a hora.
E num vira volta,
na minha cama tão solitária,
senti uma necessidade
tão grande de escutar...
Muitos repetecos
lágrimas, sufoco,
e uns engasgos
no emocional da minha asma.
Cá estou com a caneta
e o caderno que me acompanham,
captam, conduzem, participam,
por todos os cômodos do meu lar.
Liguei o botão da minha mente
e o filme veio,
numa sintonia tão forte
com o meu coração.
Não sei se choro, se penso,
se tusso, se engasgo,
ou desmorono,
desabo de vez.
Minhas feridas
estão todas abertas,
escondidas lá no fundo
da boca do estômago.
Ai, como dói,
sinto algo mudar
neste ponto,
aqui dentro.
Regina Zamora